Como se preparar para brilhar em entrevista

Por Reinaldo Passadori

Quanto mais uma pessoa ascende na vida pessoal e profissional e torna-se um especialista no seu segmento, quer seja como colaborador de uma organização ou empreendedor, mais passa a ser procurada para compartilhar seus conhecimentos, experiência e sabedoria por meio de entrevistas.

Esse tema me fascina, tanto que criei há dez anos um programa de entrevistas no Youtube que realizo pelo Instituto Passadori, chamado “Comunicação Executiva”, destinado ao público empresarial, entrevistando pessoas relevantes que tenham um conteúdo interessante para os nossos internautas. Participo também de muitas entrevistas em programas de rádio e TV, jornais, revistas e afins, para falar sobre temas relacionados à comunicação, liderança, negociação, entre outros.

Pretendo, apresentar aqui algumas sugestões para você brilhar cada vez mais nas entrevistas das quais participa, considerando várias nuances dessa atividade tão importante que pode fortalecer a sua imagem e da sua empresa, como provocar um efeito contrário se não preparada e realizada como deveria.

O primeiro aspecto é que, participar de uma entrevista não é tão fácil como pode parecer, pois nessa hora você fica exposto a críticas, comentários, avaliações e julgamentos. Se bem-feita, pode gerar o resultado esperado, vendendo ou divulgando seus produtos, promovendo sua empresa, esclarecendo algum ponto obscuro, das informações sobre suas realizações e falando sobre seus feitos e perspectivas de crescimento.

Por outro lado, se malfeita, a entrevista poderá gerar prejuízos para você e o seu negócio, enaltecendo alguma incapacidade ou falta de controle. Já soube de casos em que pessoas perderam o emprego por terem dito absurdos diante da mídia, ou por nervosismo ou falta de preparo técnico. Já vi pessoas renomadas, bem-sucedidas, com livros publicados e com grandes feitos profissionais, com um bom histórico de vida parecerem crianças assustadas diante de um “microfone-monstro-devorador”.

Pavor, ansiedade, medo, manifestações de gagueira, tremedeira, sudorese, taquicardia, boca seca, “branco” são, por incrível que pareça, situações comuns nesse contexto, por isso a primeira sugestão é procurar se acalmar, conhecendo bem o assunto, fazendo exercícios de respiração, pensando positivamente, acreditando no sucesso e não no fracasso.

Vamos considerar alguns itens nesse cenário e contexto:

De um lado, há um canal de TV, uma emissora de rádio, uma revista ou jornal, representados por seus repórteres, cuja missão é buscar informações interessantes para o seu público. São preparadas para isso, perguntando, fazendo comentários, procurando detalhes, querendo saber, saber, saber para depois editar e publicar.

De outro lado, há você, nem sempre habituado com isso, tendo que falar, ou melhor, falar bem, dominar a ansiedade, transmitir uma mensagem congruente, inteligente e interessante, muitas vezes, diante de um microfone assustador ou de um repórter difícil de lidar, mais parecendo um inquisidor do que alguém que busca informações por meio de uma boa conversa. Pior ainda quando são mal-humorados ou prepotentes.

Daí a necessidade do preparo para responder perguntas, conduzir a conversa de acordo com os seus interesses, tendo congruência, fluência verbal, utilizando um bom e adequado vocabulário, apresentando conteúdos interessantes e criativos para despertar na audiência do veículo o interesse que você pretende.

Tive o prazer de participar como co-autor de um livro, com Nancy Assad, presidente da NA Comunicação e Marketing, chamado “Media Training – Como Construir uma comunicação eficaz com a empresa e a sociedade”, de onde tirei algumas sugestões para entender esse processo:

O primeiro a fazer é entender o ponto de vista dos jornalistas, que, em geral, tem as seguintes características:

– Disputa com outros jornalistas os furos de reportagem;

– Pretende ser imparcial, devendo ser isento, mas carrega uma dose de subjetividade;

– Escuta e faz uso de “off” se perceber que a informação é de interesse do público;

– É ambicioso e capaz de colocar a carreira a frente de outras questões;

– Irrita-se com a oferta de favores e presentes, porque prevê o risco de ter que abrir mão da independência jornalística;

– Duvida do que você diz;

– Está aberto para o diálogo e para quem é capaz de convencê-lo com boas pautas;

– Defende suas pautas;

– Detesta generalizações ou imprecisões;

– É defensor da liberdade de imprensa e de expressão;

– Evita fontes de informação que já cometeram falhas;

– Usa todos os meios e métodos éticos ao seu alcance para conseguir informações para produzir uma notícia.

 

Sob o ponto de vista dos entrevistados, ou seja, você, também tenho algumas recomendações:

– Procure pautar antes o que precisa ser dito, em outras palavras, conhecer o tema e as mensagens básicas da personalidade e cultura organizacional;

– Lembrar-se que está falando com o leitor, o telespectador ou ouvintes do veículo para o qual a entrevista está sendo concedida, conheça o tema e fale com o público;

– Tenha calma, ouça a pergunta, peça ao repórter para repeti-la, se não entendeu. Ilustre com exemplos, as ações concretas e realizadas. Seja claro e objetivo.

–  Apresente estatísticas e dados confiáveis;

– Reúna, com antecedência, dados da empresa ou relativos ao tema objetivo da entrevista;

– Se tiver uma Assessoria de Imprensa, recorra a ela para algum momento de necessidade;

– Esteja preparado para lidar com questões polêmicas.

– Ofereça dados e materiais impressos com os dados resumidos para facilitar a redação da matéria do jornalista;

Também acho importante apresentar que existe uma relação fonte-repórter no ambiente profissional, geradora de algumas “regras do jogo” que pressupõe alguns direitos da fonte. A saber:

– A fonte pode recusar um pedido de entrevista, mesmo que a tenha confirmado antes;

– A fonte pode escolher o local e a hora da entrevista;

– A fonte pode requisitar o direcionamento que será dado à conversa;

– A fonte pode pedir para rever as declarações antes da publicação da matéria;

– A fonte em julgamento pode recusar-se a responder as perguntas dos repórteres;

– A fonte pode processar o jornalista.

Há, naturalmente, nesse meio, muitas outras informações oriundas de práticas, usos e costumes, bem como excelentes profissionais, mas há, infelizmente, aqueles sem ética e respeito.

De qualquer modo, a preparação continuada é fundamental. Se for porta-voz da empresa ou ocupa um papel relevante, sujeito a falar com a mídia, faça um bom curso de media training, contrate uma assessoria de imprensa responsável e competente para abrir espaço nos melhores veículos. Verá que é um investimento útil para o fortalecimento da sua carreira e da sua reputação.

Lembre-se de estar sempre preparado quando for dar uma entrevista, a exemplo da comunicação como um todo, que poderá construir ou destruir sua imagem, sua credibilidade conforme o resultado do que você falou ou deixou de falar. Bom preparo e boa sorte!

Reinaldo Passadori, fundador e CEO do Instituto Passadori – Educação Corporativa (www.passadori.com.br), já treinou mais de 80 mil profissionais. Também é autor dos livros: “Comunicação Essencial – Estratégias eficazes para encantar seus ouvintes”, “As Sete Dimensões da Comunicação Verbal”, “Media Training – Como construir uma comunicação eficaz com a Imprensa e a Sociedade” – Editora Gente e “Quem não Comunica não Lidera” – Editora Atlas.

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