Governo de Brasília pretende chegar a 100% de cobertura de saúde da família em Ceilândia

Para isso, a maior e mais populosa região administrativa de Brasília vai contar com a parceria de organizações sociais na administração dos serviços

Para diminuir as filas nos hospitais públicos do Distrito Federal, o governo de Brasília pretende impulsionar os serviços ofertados na atenção primária de saúde. Do total de atendimentos nas emergências, estima-se que até 65% poderiam ser feitos nos centros de saúde ou em algumas das seis unidades de pronto-atendimento (UPAs) distribuídas por Brasília. O Executivo iniciou o processo de fortalecimento da porta de entrada dos pacientes da rede, com a intenção de, até 2018, mais do que dobrar a cobertura de estratégia de saúde da família — de 30,7% para 62%.

UPA em Ceilândia Norte.
UPA em Ceilândia Norte. Foto: Andre Borges/Agência Brasília

Ceilândia, a maior e mais populosa região administrativa do DF, vai contar com a parceria de organizações sociais na administração dos serviços de atenção primária. Com 454.175 habitantes, segundo dados de 2015, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Ceilândia tem 27 equipes desaúde da família — a meta é elevar para 54. O atual quadro permite o alcance de apenas 22% de famílias atendidas pelo modelo descentralizado, ou seja, fora do hospital.

As organizações sociais serão qualificadas para gerir de forma compartilhada com o governo as seis UPAs do DF e 100% da assistência primária em Ceilândia. De acordo com o secretário de Saúde, Humberto Fonseca, os vazios assistenciais identificados na região motivaram a escolha para a introdução do modelo em parceria com a iniciativa privada.

“Nossa maior região administrativa conta com áreas como o Pôr do Sol e o Sol Nascente, que precisam muito de assistência de saúde de qualidade”, destaca Fonseca. “Em Ceilândia, temos estrutura física que nos permite adotar bem esse modelo de parceria, marcado pela utilização de estruturas físicas, prestação de serviço 100% SUS [Sistema Único de Saúde], mas com princípio de administração privada, o que nos dará leveza e agilidade na contratação, no abastecimento de medicamentos e na manutenção de equipamentos.”

O novo modelo não deve trazer economia imediata ao Estado no curto e no médio prazo, adianta o secretário de Saúde. Espera-se um aumento considerável na resolubilidade das demandas. No longo prazo, a expectativa é que os custos com a manutenção do modelo caiam entre 20% e 30%. “No início, pretendemos manter o investimento e aumentar muito a qualidade. Ou seja, fazer mais com o mesmo para depois fazer mais com menos.”

O dispêndio para manter a atenção básica em Ceilândia é de R$ 138 milhões por ano. Já as seis UPAs de Brasília consomem R$ 148 milhões anualmente. O contrato de gestão com as organizações sociais não implicará aumento de gastos por parte do governo. A dotação orçamentária será a mesma; a diferença aparecerá na velocidade da resolução dos problemas.

Como será o modelo da saúde em Ceilândia com organizações sociais

Em Ceilândia, a primeira frente prevê a manutenção das 27 equipes de estratégia da família e a criação de mais 27. Para mantê-las, o governo estima investir R$ 1,8 milhão por mês em recursos humanos, materiais de consumo e despesas gerais. No DF todo, o objetivo é ampliar a cobertura para 62%, mas em locais como o Condomínio Privê, o Pôr do Sol e o Sol Nascente, a meta é alcançar 100% de cobertura até 2018.

Na segunda frente a ser desenvolvida em Ceilândia, a estratégia é converter ao modelo de atenção de estratégia de saúde da família os Centros de Saúde nº 2, nº 4, nº 7 e nº 10, com a implementação de mais 34 equipes de saúde da família e 16 equipes de saúde bucal. A melhor utilização e destinação dos recursos devem render uma economia de cerca de R$ 1 milhão por mês ao final de 2017, segundo projeções da Secretaria de Saúde.

“O cidadão saberá quem é seu médico, seu enfermeiro, e em qual unidade eles atendem. Com isso, conseguiremos levar saúde de qualidade e tornar os serviços mais acessíveis e práticos às pessoas.”Secretário de Saúde, Humberto Fonseca

Cada equipe de saúde da família é formada por um médico, um enfermeiro, dois técnicos de enfermagem e cinco agentes comunitários de saúde. Já a equipe de saúde bucal é composta por um cirurgião-dentista e uma técnica em higiene bucal. “A grande mudança é que a população estará territorializada [definida por territórios]. O cidadão saberá quem é seu médico, seu enfermeiro, e em qual unidade eles atendem. Com isso, conseguiremos levar saúde de qualidade e tornar os serviços mais acessíveis e práticos às pessoas”, ressalta Humberto Fonseca.

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