Governo lança campanha integrada de combate à violência contra a mulher

A campanha estadual com o tema 'Respeito às mulheres em suas diversidades' foi lançada nesta terça-feira (7) no Teatro Margarida Schivasappa

Respeito às mulheres em suas diversidades” é o nome da campanha de ação integrada lançada pelo Governo do Estado nesta terça-feira (7), véspera do Dia da Mulher, no Teatro Margarida Schivasappa. Coordenada pelas secretarias de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) e de Comunicação (Secom), juntamente com a Fundação Pro Paz, a campanha pretende incitar a reflexão sobre as diversas formas de violência cometidas contra a mulher.

A ação coloca em prática o Plano Estadual de Políticas para as Mulheres, que foi coordenado e sistematizado pela Coordenadoria de Integração de Políticas para as Mulheres da Sejudh e atualizado de acordo com as propostas da V Conferência Estadual, que ocorreu em dezembro de 2015. “Estamos relançando o plano estadual, que prevê políticas públicas para as mulheres em diversos segmentos de forma integrada. A grande inovação do plano é justamente aperfeiçoar essa integração, trazendo novos órgãos e agentes”, disse o secretário de Estado de Justiça e Direitos Humanos, Michel Durans.

Segundo ele, a violência contra a mulher, infelizmente, ainda é uma realidade evidente, mas o Estado tem avançado nessa política. “Éramos o quinto no ranking nacional, nos dados de 2015, e pulamos para o décimo lugar. Significa dizer que essa política tem avançado no intento maior, que é diminuir o índice de violência no Pará. Buscamos, com o plano e a ação integrada, alcançar essas mulheres, para que elas possam perder a invisibilidade e denunciar qualquer forma de violência”, completou Michel Durans.

Assistência

O principal órgão executor do plano é o Pro Paz integrado, no qual se destaca o Pro Paz Mulher. Desde 2012, o Pro Paz funciona no interior com seis unidades que atendem mulheres, crianças e adolescentes, prestando atendimento de diversos órgãos. Desde 2014, funciona o Pro Paz Mulher, no bairro do Marco, núcleo de atendimento onde as mulheres encontram, em um mesmo lugar, todos os serviços necessários para denunciar e se proteger contra a violência doméstica.

Delegacia da Mulher, Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), Centro de Perícias Renato Chaves, Tribunal de Justiça do Estado (TJE), Defensoria Pública, Ministério Público, Defensoria Pública e uma rede de assistentes socais e psicólogos atua no Pro Paz Mulher. O atendimento é marcado pela agilidade, com as medidas protetivas à mulher providencias em até 24 horas.

O Pro Paz Mulher também atua na prevenção da violência. Ano passado, foi feito um mapeamento que traçou o perfil do agressor e da vítima e as estatísticas dos bairros. “Isso permite ao Estado direcionar políticas públicas precisas, trabalhar até com a questão da religião, visitando igrejas e incitando a prevenção e reflexão. Com a campanha queremos levar para todo Estado a informação, conscientizar a mulher da importância da denúncia. Ela precisa saber que existem políticas públicas efetivas de atendimento”, ressaltou o presidente da Fundação Pro Paz, Jorge Bittencourt.

No trabalho de prevenção, o Pro Paz Mulher vem atuando com uma série de palestras junto a camadas da população em que o machismo é mais enraizado. Ano passado, mais de dois mil operários de obras tiveram palestras educativas, atentando para simples gestos que podem se tornar medidas abusivas contra a mulher. “A receptividade foi muito boa. Muitos homens não se dão conta de que perpetuam o machismo com práticas cotidianas. Com a nossa orientação, eles começaram a perceber isso. Este ano, queremos nos unir à Associação Paraense de Supermercados (Aspas) e começar a promover essas conversas também junto aos funcionários desses estabelecimentos”, informou a coordenadora do Pro Paz integrado, Naiana Santos.

Participação

O lançamento da campanha estadual de combate à violência contra a mulher chamou a atenção de estudantes, universidades e entidades ligadas à causa feminina. Maria Marlene Teixeira coordena a organização não governamental (ONG) Conselho Comunitário Lago Azul, que presta atendimento às mulheres em Ponta de Pedras, no Marajó. Cerca de 20 pessoas vítimas de violência são atendidas por dia. “Essa oportunidade é única, porque aqui aprendemos sobre várias formas de denúncia. É sempre bom agregar qualificação para levar para lá coisas novas e melhorar ainda mais o nosso trabalho”, frisou.

A secretária Áurea Diniz, 40 anos, representou na cerimônia as torcedoras de futebol que frequentam os estádios, ambiente tido como machista. Ela tem um projeto, dentro do Clube do Remo, de inserir as mulheres no clube e desenvolver a cultura do respeito nas arenas esportivas. “Queremos ser vistas como torcedoras e não como simples acompanhantes. Esse convite do governo foi importante para nos sentirmos mais ativas dentro desse processo”.

“Eventos como esse mostram o quanto o governo do Estado é plural e que as políticas públicas para a mulher são a essência desta gestão. A iniciativa une secretarias e entidades trabalhando em prol da mulher, não só para encorajá-las a denunciar, mas também desde a infância, aparando aquela menina que foi abusada na fase infantil, e solidificando essa menina para que ela se torne uma adulta com consciência de que há várias ferramentas públicas que a possam acolher. Uma rede que, acima de tudo, faz com que ela se sinta empoderada a denunciar esse agressor”, avaliou a secretária de Estado de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda, Ana Cunha.

O lançamento da campanha é o ponto de partida para diversas ações serão executadas ao longo do mês. A primeira, promovida pela Secom, será o workshop “Jornalismo humanizado: combatendo a violência contra a mulher por meio da Imprensa”, com a publicitária Luíse Bello, da ONG Think Olga, responsável pela cartilha lançada pela Defensoria Pública de São Paulo no combate ao assédio.

A campanha “Respeito às mulheres em sua diversidade” será trabalhada por todos os órgãos do governo e terá veiculação de vídeos na TV e internet, spots em rádios, além de cartazes, folders e grande campanha educativa virtual, que será apresentada nas redes oficiais do Estado. “Com isso, reforçamos a ideia de que no Dia da Mulher não precisamos falar apenas do quanto é bonito ser mulher e dos direitos dela. É preciso falar para o homem o quanto ele precisa respeitar a mulher. O objetivo da campanha é não só provocar a mulher, para que ela denuncie qualquer forma de abuso, mas também alertar o homem dos problemas e dos crimes que ele pode cometer”, destacou o secretário de Comunicação, Daniel Nardin.

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