As informações constam do Suplemento Educação Profissional, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2014, divulgado hoje (23) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A qualificação é a modalidade da educação profissional mais acessível à população, uma vez que muitos dos seus cursos não requerem escolaridade mínima para frequentá-los, segundo o IBGE.
Entre os motivos apresentados para não terem feito curso de qualificação profissional está a dificuldade para conciliar com o trabalho ou as atividades domésticas, citada por 34,4% das pessoas. Além disso, 26,8% disseram que não tinham condições de pagar o curso e 20,8% informaram que não existia o curso desejado ou a vaga na localidade onde moravam.
“O desejo é grande de buscar qualificação, mas existem barreiras que não necessariamente têm a ver com quem está ofertando o curso. A grande questão foi a dificuldade de conciliar o curso com o trabalho e com a vida doméstica”, disse a pesquisadora do IBGE Marina Aguas.
Segundo ela, a educação profissional gera benefícios para a economia como um todo e pode aumentar a produtividade do país. “Espero que as pessoas vejam a educação profissional como uma forma de qualificar o capital humano, que gera retorno e algo positivo para elas”, afirmou.
Até 2014, 24,7 milhões de pessoas fizeram um curso de qualificação profissional, sendo que 15,7 milhões o frequentaram até 2010 e 9 milhões entre 2011 e 2014. “É válido ressaltar que, nos quatro anos do período entre 2011 e 2014, o número de pessoas que cursaram a qualificação profissional correspondeu a quase 60% daquelas que frequentaram a modalidade até 2010”, diz a pesquisa.
Para a pesquisadora do IBGE, o aumento no número de pessoas fazendo qualificação representa um avanço, mas não é possível afirmar que é decorrente do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), instituído em 2011. “Esse aumento coincide com o Pronatec, mas não dá para cravar que foi apenas o incentivo do programa”.
Nível médio técnico
Em 2014, dos 9 milhões de estudantes do ensino médio, 812 mil (9%) frequentavam curso técnico, sendo 9,2%, mulheres, e 8,8%, homens. No passado, a proporção de pessoas que frequentaram curso técnico era maior entre os homens (13,7%) do que entre as mulheres (11,2%), mas a pesquisa não indica quando houve a inversão.
A auxiliar administrativa Mara Dalila Ribeiro, de 36 anos, fez curso técnico em automação industrial, mas não deixou de se qualificar e continuou os estudos. “No momento, estou fazendo gestão de recursos humanos e inglês há mais de dois anos. Eu gosto de ter várias áreas porque se faltar [emprego] em uma, tenho outra [área] para poder investir. Eu quero me destacar”, afirmou.
Segundo o levantamento, 59,7% das pessoas que concluíram essa modalidade de curso já haviam trabalhado em sua área de formação e 40,3% nunca trabalharam. Para quem trabalhava na área, 48,2% disseram que o conteúdo aprendido no curso foi determinante para conseguir um emprego e 28% informaram que o diploma foi o diferencial.
Entre os motivos para as pessoas que fizeram curso técnico de nível médio não terem trabalhado na área de formação, estão o fato de terem conseguido emprego em outro setor (26,6%) e a falta de vaga (25,4%). A falta de interesse em trabalhar na área de formação (20,4%) também foi observada.
Outro fator mostrado no levantamento foi a falta de experiência na área (6,5%). Esse é o caso de Orlando Juliace, de 22 anos, que fez curso técnico em segurança do trabalho, mas está desempregado. “No início, assim que terminei [o curso], eu só mandava currículos para [vagas em] segurança do trabalho. Hoje em dia, mando para outros empregos. A maioria pede experiência na área e vai passando o tempo e você não consegue”
Graduação Tecnológica
Em 2014, estima-se que, dos 7,3 milhões de estudantes do ensino superior brasileiro, 477 mil (6,6%) frequentavam a graduação tecnológica (cursos de dois e três anos). No país, 8,6% dos alunos de curso superior de tecnologia eram homens e 5%, mulheres.
A pesquisa verificou que 52,6% das pessoas trabalhavam em 2014 na área de formação do curso, 16,2% já haviam trabalhado anteriormente e 31,2% não trabalhavam na área do curso superior de tecnologia.
Entre as pessoas que não conseguiram emprego na área de formação, 33,3% alegaram a falta de vaga para trabalhar no setor como o principal motivo e 29,9% disseram ter conseguido um posto em outra área.
Seja o primeiro a comentar on "IBGE: 3,4 milhões com 15 anos ou mais fizeram qualificação profissional em 2014"