Informação & Tecnologia | Campus Party comprova: tecnologia precisa de foco


Em uma manobra interpretada pela mídia como desespero para salvar o evento de Tecnologia da crise financeira, os organizadores da tradicional Campus Party incluíram, na edição deste ano, grafiteiros, biomédicos e outras atrações sem foco na tecnologia da informação. O resultado foi reclamações de grupos que constataram a perda de foco e garantiram que a iniciativa prejudicou a essência da famosa feira.

Apesar do sucesso já esperado para a etapa que marcou os dez anos da Campus Party no Brasil, a edição que terminou neste domingo, comprovou o que há muito tempo os empresários de Tecnologia da Informação e Comunicações (TIC) perceberam: o setor precisa se resguardar quanto à expansão demasiada e forçada para seu desenvolvimento eficaz.

Ao longo dos seis dias, mais de 80 mil pessoas passaram pela arena onde o evento foi realizado. A presença em massa da comunidade científica, estudantes, docentes, mídia e curiosos já era de se esperar. Trata-se de importante evento de TI, cuja preparação e venda de ingressos ocorre com a devida antecedência, gerando ansiedade entre os jovens.

Os organizadores, no entanto, receberam o alerta: em entrevista a alguns jornais de ampla circulação, responsáveis por caravanas de campuseiros ressaltaram a inclusão de temas abrangentes demais, o que causou o desinteresse pela feira e o network acabou por acontecer nas mesas dos participantes, de maneira informal.

Isso aconteceu porque a Tecnologia precisa de ambiente propício para a sinergia. É necessário trabalho conjunto, complementar e especializado para que as boas ideias tenham frutos concretos. Todos os envolvidos precisam estar em sintonia e ter seus conhecimentos devidamente aproveitados.

Que essa experiência sirva como exemplo para o Grupo Gestor do nosso Parque Tecnológico Capital Digital, que passou a se chamar Biotic, justamente pela inclusão da Biotecnologia. Em escala menor, a Campus Party mostrou o que os novos e os mais experientes empreendedores desejam – espaço criativo, livre de interferências difusas.

Neste ano, a Campus Party terá uma edição em Brasília. Espera-se que os organizadores tenham compreendido a impossibilidade de angariar fundos por meios que culminem na modificação do escopo da proposta do evento, que é de estimular a criatividade dos jovens e gerar redes de relacionamentos em todos os níveis.

No caso do Parque, estamos tratando de um projeto bilionário, que poderá transformar a matriz econômica da cidade e não há espaço, tempo ou dinheiro para a experimentação. É uma oportunidade única, que deve ser certeira. Ainda temos esperanças de que o Governo do Distrito Federal se sensibilize para esta causa. Não queremos o crescimento a qualquer custo, queremos uma estratégia sustentável e que nos coloque no topo do ranking mundial da TI.


*Ricardo Caldas, presidente da Telemikro e do Sindicato das Indústrias da Informação do Distrito Federal

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