Informação & Tecnologia | GDF descaracteriza PTDC e perde apoio dos empresários


O setor de Tecnologia da Informação e Telecomunicações (TIC) do Distrito Federal se sente desrespeitado diante do anúncio de sanção do Projeto de Lei Complementar nº 76/16, pelo Governador Rodrigo Rollemberg. 

 

O documento trata de alterações no projeto de criação do Parque Tecnológico de Brasília, que terão impacto negativo direto na composição do espaço, desvirtuando-o do modelo já utilizado, com sucesso, em todo o mundo. 

 

Há 16 anos, o Sindicato da Indústria da Informação do DF (Sinfor/DF) decidiu sensibilizar a iniciativa privada e o poder público pela relevância de se construir um polo de tecnologia nos moldes internacionais, colocando Brasília no centro das negociações e incluindo os produtos e serviços nacionais no mercado mundial. 

 

Para tanto, foi lançado um projeto, com o devido cuidado, com a funcionalidade e aspectos técnicos necessários para o crescimento da indústria local e consequentes ganhos para a população da cidade. 

 

Em todas as gestões de governos que passaram pelo Buriti ao longo desses anos foram realizadas adaptações para viabilizar a edificação do Parque. 

 

Entretanto, nenhum outro governador havia, até então, modificado a base do projeto e seus objetivos, o que se configura como uma atrocidade aos conceitos de “centro de tecnologia” e “desenvolvimento tecnológico”, voltados para a construção de um Parque Tecnológico para dinamizar o setor de TIC, que é, reconhecidamente, uma das vocações econômicas do DF. 

 

No apagar das luzes, o governador Rodrigo Rollemberg conseguiu, na Câmara Legislativa do Distrito Federal, a aprovação discreta e estratégica da alteração do nome do Parque Tecnológico Capital Digital para Biotic.

 

Pior ainda: incluiu a “cadeia produtiva de Biotecnologia” como partícipe da ocupação do Parque Tecnológico. Nas inúmeras vezes que se reuniu com o Sinfor/DF, o GDF garantiu que esse segmento seria representado pela EmbrapaTEC, ou seja, sempre na trilha da Tecnologia da Informação. 

 

Na justificativa do PLC 76/16, no entanto, o governo explica que a intenção é expandir o conceito, permitindo que o espaço seja ocupado por “comunidades, agricultores e indústrias, tais como: agropecuária, alimentos, farmacêuticas, perfumes e cosméticos”.

 

A incorporação de novos elementos ao Parque foi aprovada dois dias antes da eleição da nova presidência da CLDF, no dia 13 de dezembro, junto a inúmeras outras propostas avaliadas às pressas. 

 

Não houve objetividade, não foram ouvidos os contrapontos, os entes interessados, os empresários de TIC. 

 

O Sinfor/DF, que foi a entidade-referência, por uma década e meia quando o assunto era Parque Tecnológico, foi retirado das mesas de negociações. Foram ignorados o conhecimento técnico e a expertise acumulados pelos gestores ao longo de anos de pesquisas e estudos de casos de sucesso.

 

O que ocorre é a mudança de uma lei considerada adequada aos padrões internacionais e que atendia às necessidades da indústria para uma nova realidade.

 

Esta nova realidade, do Governo Rollemberg, é confusa, genérica e fruto do desconhecimento e desinteresse desta gestão em atuar de maneira construtiva com o nosso setor, a ponto de causar o desinteresse não só dos empresários locais, como dos investidores acostumados aos modelos de Parques Tecnológicos ao redor do mundo. 

 

Rodrigo Rollemberg busca perpetuar em Brasília, o modelo falido das ADEs, sem vocação e com uma miscelânea setorial de empresas.

 

Por fim, nós, os empresários de TIC de Brasília, manifestamos nosso profundo descontentamento com a desconstrução de um projeto ambicioso e que por muitos anos significou uma importante meta para a indústria local. 

 

 Pelo nosso compromisso firmado com a população brasiliense e com a construção de uma sociedade mais igualitária e cheia de oportunidades, reafirmamos nossa disposição para a construção do Parque Tecnológico Capital Digital de forma integrada e coesa. 

 

Nossas empresas filiadas dispõem de recursos na ordem de R$ 500 milhões para investir no PTCD e em modelos de inovação tecnológica.


Além de nossa responsabilidade na implementação do PTCD o modelo do Sinfor considera a inserção do DF no mercado nacional e internacional de tecnologia da informação, com parâmetros que consideram o presente e o futuro.

 

Estamos aptos para a gestão dos recursos financeiros e para a renovação da esperança dos brasileiros em um futuro melhor. Permaneceremos alinhados com a real vontade política em contribuir com o crescimento humano e econômico do Distrito Federal e do Brasil. 


Ricardo Caldas é presidente do Sindicato das Indústrias da Informação do Distrito Federal – SINFOR/DF

 

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