Inimigo invisível: Hospital das Clínicas investe no controle das infecções

Pacientes em internação ou que necessitam passar por procedimento ambulatorial estão sujeitos a contrair infecção hospitalar.

Causada por microrganismos que podem estar presentes tanto no ambiente hospitalar como no próprio organismo do paciente, a infecção também pode ser transmitida por meio de água ou alimentos contaminados, pelo contato das mãos ou até mesmo pelo ar.

A Comissão de Controle de Infecções Hospitalares (CCIH) é responsável por atuar dentro de uma unidade de saúde na conscientização, prevenção, notificação, controle e redução das infecções hospitalares. Também é papel da comissão controlar o uso de antibióticos e elaborar treinamentos periódicos das rotinas da CCIH, buscando assim proteger não somente os pacientes, como também o hospital e o corpo clínico.

“Aqui, no Hospital das Clínicas, nós desenvolvemos periodicamente campanhas de conscientização junto aos servidores sobre a correta higienização das mãos, promovemos fiscalização da limpeza do ambiente hospitalar e procuramos conscientizar visitantes e acompanhantes de pacientes internados sobre as formas de evitar a contaminação”, explicou a coordenadora do Serviço de Controle de Infecções Hospitalares (SCIH), Maria Olívia Novaes.

De acordo com a coordenadora, a equipe do serviço tem uma grande missão todos os dias, já que, como ela mesma diz, lutam contra o invisível. “Nós temos de trabalhar com o Plano Nacional de Segurança do Paciente e adotar medidas que assegurem essa segurança para diminuir os riscos. Por esse motivo, o trabalho da CCIH deve ser minucioso, observando tudo dentro da unidade para evitar ao máximo as infecções hospitalares”, completou.

Como grande conquista do SCIH, Maria Olívia destaca a diminuição na incidência de infecções do trato urinário nos pacientes ao longo dos últimos dois anos.

“Praticamente zeramos os índices desse tipo de infecção e temos avançado muito no controle dos outros tipos, graças a esse trabalho incansável. Isso é uma conquista dentro de uma unidade de grande complexidade como o HC, que lida com todos os tipos de doenças e com pacientes que passam muito tempo internados, o que já é um grande fator de risco”, acrescentou.

Maria Olívia destacou ainda o trabalho de conscientização junto a acompanhantes e visitantes e a instalação de portarias que passaram a restringir o acesso às enfermarias e UTI do HC.

“As pessoas não têm consciência de que as bactérias e germes estão em todo lugar e que eles mesmos podem transmitir esses microrganismos durante a visita, pelo contato com o paciente. Quando passamos a limitar o número de visitas e de acompanhantes dentro da unidade, pudemos perceber uma queda nos números de infecções”, comemorou.

Laboratório do HC é referência em diagnóstico de infecções hospitalares

“Investimos em treinamentos para os técnicos sobre o correto manuseio de sondas e equipamentos de pacientes com algum problema renal”, comemora Maria Olívia (Foto: Júnior Aguiar)

O grande aliado do CCIH para o diagnóstico de infecções é o Laboratório de Microbiologia do Hospital das Clínicas (HC) de Rio Branco. Fundado há 12 anos, existe para diagnosticar as infecções relacionadas à assistência à saúde, ou seja, infecções adquiridas enquanto recebem tratamento em uma unidade.

O laboratório funciona de segunda a domingo, de 7 às 19 horas e conta com uma equipe composta por três biomédicos, seis técnicos de laboratório e um estagiário. São analisadas amostras de secreção em geral, urina, sangue, cateter, líquidos em geral, tecidos e fragmentos ósseos para identificar inúmeras bactérias e fungos para que assim, o paciente possa receber a medicação correta, caso seja diagnosticado com infecção hospitalar.

Inicialmente, o serviço atendia apenas a Unidade de Terapia Intensiva do HC, expandindo depois para ambulatórios e enfermarias e prestando apoio à Maternidade Bárbara Heliodora e ao Hospital de Urgências e Emergências de Rio Branco (Huerb). São realizados cerca de 1.200 procedimentos por mês.

O laboratório conta com equipamentos de ponta que identificam os microrganismos em poucas horas. “Os aparelhos manuais fazem esse mesmo serviço em no mínimo dois dias, então, contar com esses equipamentos garante maior agilidade no diagnóstico e no resultado dos exames, o que proporciona ao paciente que tenha um tratamento adequado e em tempo hábil”, disse a biomédica do laboratório, Girlene Moraes.

A biomédica destaca o avanço do serviço ao longo dos anos no controle das infecções hospitalares e da multirresistência bacteriana.

“O HC é o único hospital público do Acre que possui esses equipamentos. Esse investimento do governo possibilitou o melhor controle das infecções, pois os equipamentos possibilitam que sejam identificadas corretamente quais bactérias ou fungos o paciente adquiriu e seja prescrito o medicamento correto, já que quando o paciente toma um antimicrobiano que não é eficaz para o seu caso, aumenta a multirresistência e torna o medicamento ineficaz. Assim, esse paciente vai tomar o medicamento correto”, explicou Girlene.

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