Nova estrutura do Dom José de Castro Brandão fortalecerá agropecuária do Alto Sertão

O Centro Estadual de Educação Profissional Dom José de Castro Brandão teve sua construção finalizada e será inaugurada oficialmente pelo governador Jackson Barreto nesta quarta-feira, 10/ Fotos: Marcelle Cristinne/ASN
Governador Jackson Barreto entregará novas instalações nesta quarta-feira,10

 

Uma nova oportunidade de vida para os filhos dos pequenos agricultores, assentados, quilombolas e indígenas. É isto o que as novas instalações do Centro Estadual de Educação Profissional Dom José de Castro Brandão proporcionarão para os jovens do Alto Sertão, que através desta unidade de ensino podem ter acesso à educação profissionalizante de qualidade. A unidade teve sua construção finalizada e será inaugurada oficialmente pelo governador Jackson Barreto nesta quarta-feira, 10.

Atualmente, a instituição possui 315 alunos nas modalidades integrada (Ensino Médio com o Profissionalizante) de Agropecuária e Agroindústria de educação subsequente (alunos que já concluíram o Ensino Médio) também nos dois cursos, e possui capacidade para atender 480 alunos/turno em tempo integral. Com as novas instalações, os alunos contam com toda uma infraestrutura necessária para complementar o ensino já referenciado da instituição, é o que explica o diretor da unidade Edjenaldo Ferreira dos Santos.

“A gente entende o grande esforço do Governo do Estado e do secretário de Educação em manter essa escola em funcionamento e atender esses anseios e a necessidade do Alto Sertão. Hoje essa região, através desse centro, oferta um ensino de qualidade. Temos os melhores professores da região, tanto da base comum quanto da profissionalizante, que proporcionam um ensino diferenciado e inclusivo. E agora temos toda uma infraestrutura que acompanha este ensino”, afirmou Edjenaldo Ferreira.

A professora e agrônoma Edilene atribui o sucesso dos cursos à grade curricular que é voltada especificamente para o Semiárido e diz que a nova infraestrutura vem para somar. “A questão da infraestrutura do colégio está ótima e a dos diários, do alojamento está tudo perfeito. As intervenções vieram para melhorar a vida dos alunos. Temos muita sorte aqui na escola por causa da nossa autonomia da grade curricular, que nos possibilita trabalhar o que é importante para a gente do Semiárido, a exemplo da disciplina de plantas medicinais, que não existe em nenhuma outra escola técnica tradicional. Aqui a gente conhece um pouco mais da cultura das famílias, vai até a comunidade, faz pesquisa onde eles vivem, os estudantes trazem pessoas dos locais onde moram.  Esse é o grande diferencial em relação aos outros centros profissionalizantes”, aponta.

O secretário de Estado da Educação, Jorge Carvalho, explica que os estudantes do Dom José Brandão de Castro têm acesso a pedagogia da alternância, que proporciona que eles passem 15 dias na escola em regime de internato e 15 dias com suas famílias, ajudando na produção agrícola familiar.

“A maior parte dos alunos dessa escola é formada por estudantes cujas famílias são assentadas de movimentos populares ou também por filhos de pequenos produtores rurais do Sertão que, inclusive, ajudam suas famílias com a agricultura e, por isso, estudam num regime especial. Na escola esses jovens recebem a formação regular de ensino médio e também a de técnico. Ou seja, ao mesmo em que concluem a formação no ensino regular, que os prepara para seguir os estudos no ensino superior, se assim desejarem, eles também recebem a formação técnica, que vai permitir o aperfeiçoamento da produção familiar e do conhecimento técnico agrícola que eles possuem para que a produção seja melhor e mais qualificada. Desse modo, assim é cumprida a vocação econômica e social da região desses estudantes, e dado seguimento ao histórico familiar”, explicou Jorge Carvalho.

O coordenador da área de educação profissional da Secretaria de Estado da Educação (Seed), Elito Hora Fontes, conta que a Dom José Brandão de Castro é importante por capacitar os alunos de Poço Redondo e municípios circunvizinhos e atender as demandas da região. “Eles se tornam devidamente capacitados para trabalhar no mercado de trabalho local. Ou seja, a realização dos cursos promove qualificação da mão-de-obra”.

“Nós viemos do campo, somos do campo e eu acho que essa escola nos dá a oportunidade de continuarmos no campo”, ressalta a estudante do 3º ano de agropecuária Crislaine Santos, natural de Porto da Folha. A primeira de sua família prestes a concluir o ensino técnico, a jovem diz que mal pode esperar para voltar a morar em sua cidade de origem e utilizar todo o conhecimento adquirido para melhorar a vida de sua comunidade.

“Eu ainda sonho em fazer Agronomia e licenciatura em Matemática, mas meu desejo maior é voltar para casa e aplicar tudo o que aprendi aqui. Essa escola é extremamente importante para os moradores, para quem é de fora, para quem está saindo e deixando nosso legado e que vai voltar para casa e melhorar a vida das nossas famílias e de tantas outras. Aqui temos um senso muito grande de comunidade, agregamos gente de todo tipo: índios, quilombolas, assentados e pequenos agricultores. E essa diversidade é muito boa porque expande os nossos horizontes e nos dá um senso de família”, destacou Crislaine.

Também de Porto da Folha, os estudantes do 3º Ano de Agropecuária Gilvásio Lima de Souza e Luiz Carlos da Silva Ferreira ressaltam a importância da unidade para aqueles que mais precisam de educação e na aplicabilidade dos ensinamentos obtidos na escola na vida real.

“Essa escola é de uma importância muito grande para o Alto Sertão porque os filhos de agricultores vêm estudar aqui, pois não tem como pagar uma faculdade, e aqui tem ensino de qualidade. Tudo que aprendemos aqui, vemos no dia-a-dia e é conhecimento que podemos passar para nossos pais, vizinhos e amigos. Essa escola é muito boa. Vim para cá sem nem saber o que era o curso de Agropecuária. Estudava no campo e quando cheguei aqui e me deparei com o Centro, gostei e me identifiquei com essa área. Quero trabalhar nessa área em Porto da Folha. O ensino aqui é bom, os professores são ótimos. Além de docentes eles criam laços com a gente. Ou seja, aqui é minha segunda família”, diz Gilvásio.

Luiz Carlos, que concluirá o curso técnico em junho, detalha que apesar de todos os alunos virem do campo, os cursos proporcionam uma vivência diferenciada. “A gente aprende a trabalhar mais detalhadamente com o solo e com os animais. Costumo aplicar o que aprendi aqui na minha casa. Identifico-me mais com a parte agrícola e planto milho e palma. Estou levando conhecimento para minha família e passando o que eu aprendo”.

Estrutura

O Centro Dom José Brandão ocupa área total de 15.000 m2, sendo 5.300 m² de área construída. A escola dispõe de um bloco pedagógico com 12 salas de aula com capacidade para 40 alunos, cada, cinco laboratórios (dois de informática, um de ciências, um de biologia e um de física), além de uma biblioteca.

O bloco administrativo do Centro possui sala de diretoria; secretaria; salas de professores, reunião, vídeo, e para o Grêmio Estudantil; coordenação pedagógica, suporte pedagógico e recursos didáticos; arquivo morto, almoxarifado e depósito. Já o bloco de serviços é formado por cozinha industrial, refeitório, despensa, banheiros masculinos, femininos e para pessoas com deficiência.

Seis laboratórios integram o bloco de laboratórios técnicos: um de Mecanização Agrícola; um de Química; um de Processamento de Alimentos; um de Microbiologia; um de Topografia e um de Informática. O bloco também possui Biblioteca.

O bloco de alojamento possui 32 quartos coletivos com capacidade total para 128 alunos, uma sala de estudo, quatro banheiros com vestiários, uma lavanderia e cinco quiosques.

Foram construídos cinco reservatórios para o funcionamento do Centro Dom José Brandão de Castro. Um inferior com capacidade para 33.000l e quatro elevados em fibra de vidro com capacidade total de 40.000l. Também foram construídas casas de lixo e de gás, guarita, além de estacionamento interno para veículos, motos e bicicletas.

A unidade de ensino profissionalizante foi dotada de sistema de tratamento de esgoto composto de estação elevatória e canteiro de infiltração. O Centro recebeu sistemas de combate a incêndio e de proteção contra descargas atmosféricas.

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