Odontologia hospitalar auxilia na prevenção de infecções e proporciona qualidade de vida a pacientes internados

A área vem sendo reconhecida como fundamental no tratamento de pacientes em estado crítico. Cirurgiãs dentistas do Hospital Brasília esclarecem essa importância e quais são os riscos da falta de cuidados com a cavidade bucal nos pacientes hospitalizados

Brasília (DF) –  Quando internado em um hospital, a maioria dos pacientes não consegue cuidar apropriadamente de sua higiene bucal e nem sempre são internados em condições bucais saudáveis.

O paciente crítico, internado em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), apresenta uma série de limitações graves, e por vezes progressivas, que podem complicar ainda mais esta situação.

O impacto da falta de cuidados bucais no paciente hospitalizado geralmente facilita o surgimento e o agravamento de lesões locais, que, quando não tratadas de forma correta, podem se tornar porta de entrada para infecções graves como pneumonia e sepse.

A Odontologia Hospitalar é uma área que vem sendo reconhecida como fundamental na equipe multidisciplinar para garantir a saúde dos pacientes internados. “A assistência odontológica deve garantir que a boca do paciente não se torne um ambiente favorável à colonização e crescimento de micro-organismos, principalmente os multirresistentes”, explica a patologista bucal do Grupo Oris, Daniela Ribeiro.

De acordo com Maria de Lourdes Worisch, diretora técnica do Hospital Brasília, a instituição tem como estratégia ser referência em áreas complexas, tais como: pacientes críticos – adultos e pediátricos; onco-hematologia; cirurgias de grande porte – cardíacas, neurocirurgias e ortopedia, e transplantes. “Para tanto, a inclusão da Odontologia Hospitalar às populações acima mencionadas vem qualificar e minimizar riscos a essa clientela”, afirma a diretora.

De acordo com a responsável técnica da equipe de Odontologia Hospitalar do Hospital Brasília, Celi Vieira, além dos estudos científicos que evidenciam a relação de doenças bucais com diabetes, cardiopatias, doenças respiratórias, dentre outras, são necessárias também investigações que correlacionam às infecções bucais com as complicações que postergam a permanência de pacientes sob cuidados hospitalares e a necessidade de uso de antimicrobianos.

Além da prevenção de infecções, a odontologia no hospital tem se tornado uma especialidade-chave para a promoção de bem-estar e manutenção da autoestima do paciente, como na área da Oncologia, com a aplicação da laserterapia odontológica para prevenção de mucosite – lesões causadas em virtude dos quimioterápicos – em pacientes oncológicos.

”Os quimioterápicos utilizados no tratamento do câncer têm como efeito adverso o acometimento das células epiteliais que revestem a mucosa bucal, diminuindo a sua capacidade de cicatrização, podendo levar a processos inflamatórios e formação de úlceras locais, conhecidas como mucosites, que geram dor, mal-estar, dificuldade de deglutir os alimentos, além se serem uma porta de entrada para novas infecções. A laserterapia é uma das formas de prevenção e tratamento dessas lesões”, explica Daniela Ribeiro, patologista bucal.

A equipe de odontologia do Hospital Brasília, formada por dez cirurgiões dentistas e duas técnicas de saúde bucal, ainda realiza tratamentos de descontaminação bucal mecânico, químico e fotodinâmico. A terapia fotodinâmica antimicrobiana é um novo procedimento realizado a laser de baixa intensidade, não invasivo, que não causa resistência microbiana, direcionado ao tratamento de infecções de mucosas bucais, dentes e tecidos periodontais.

Todos os procedimentos realizados são previamente explicados e realizados em conformidade com o corpo médico responsável pelo tratamento destes pacientes e mediante o consentimento das famílias.

“Os cuidados bucais devem ser incluídos no conceito de saúde integral e precisa ser considerado e aplicado nas instituições de saúde. Lesões bucais correlacionadas a doenças sistêmicas, embora pouco divulgadas, são comuns e de maior prevalência em ambiente hospitalar”, destaca Celi Vieira.

Legislação

Desde 2010, a resolução RDC7 da Anvisa dispõe sobre os requisitos mínimos para funcionamento das Unidades de Terapia Intensiva (UTI). A assistência odontológica hospitalar está entre os serviços obrigatórios à beira leito.

Em maio deste ano, o Projeto de Lei da Câmara PLC 34/2013, que regulamenta a presença do cirurgião-dentista nas UTIs e inclui a assistência odontológica no atendimento e internação domiciliares do Sistema Único de Saúde (SUS) foi aprovado pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS). Hoje, ele encontra-se para deliberação do plenário. Se aprovado, o texto voltará ao exame da Câmara dos Deputados, em face das mudanças realizadas pelo projeto no Senado.

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