Opinião | Novela pré-eleitoral: enredo, intrigas e mentiras na disputa ao Buriti


Ao consultar ao Dicionário Aurélio, a verbete novela tem como sinônimos, pela ordem, romance curto, enredo, intriga, mentira e ficção. Então pode-se afirmar que a disputa pré-eleitoral ao Palácio do Buriti é uma novela. Todas as referências citadas pelo Aurélio são pontuais e verdadeiras.

O romance curto é notado nas rodas de cafés entre políticos, principalmente na oposição ao governador Rodrigo Rollemberg (PSB). São eventos que servem mais para criar fatos políticos e gerar notinhas em colunas de jornais e citações em blogs.

Essas reuniões acontecem desde o final do ano passado. Não possuem serventia alguma. E também nada se decide.  São romances curtos que esbarram em egos.

O enredo da oposição tem como personagens, por ordem alfabética, Alberto Fraga (DEM), Alírio Neto (PTB), Eliana Pedrosa (Podemos), Izalci Lucas (PSD), Joe Valle (PDT), Jofran Frejat (PR) e Tadeu Filippelli (MDB). Dessa lista, todos querem ser candidatos ao governo do DF. Ninguém se entende, por enquanto. Na hora certa, se a razão prevalecer, uma candidatura forte e competitiva deve sair.

Nesse enredo, um personagem também flerta um outro bloco, a ser construído. Joe Valle, presidente da Câmara Legislativa, vem empolgado para viabilizar seu nome. Ele se une a ex-aliados do governador Rollemberg, como o deputado Rogério Rosso (PSD), a deputada Celina Leão, o senador Cristovam Buarque e o atual vice-governador Renato Santana. O próprio Joe foi secretário de Rollemberg e é ex-integrante do PSB. Mas só empolgação não vence eleição.

Essa ala dissidente do governo acredita que pode construir o seu próprio enredo. E tirar o governador de sua cadeira. Joe teve uma baixa nos últimos dias. O PPS de Celina e Cristovam lançou o nome de Valmir Campelo na disputa ao GDF. Teve ainda o apoio do deputado Raimundo Ribeiro (PPS).

O atual presidente da Câmara Legislativa jogou alto e colocou muitas fichas em sua pré-candidatura. É um caminho arriscado. Pode beliscar uma vaga em alguma chapa como vice. Ou disputar o Senado. Voltar para a CLDF o deixaria menor e a disputa a Câmara Federal não é garantida de sucesso.

As intrigas são muitas. E são plantadas diariamente. Seja no bastidor ou na imprensa. É um jogo sujo recheadas de mentiras e ficção. Ou, como queiram, fake News. O termo está na moda, mas sempre existiu. A grande imprensa publica mentiras desde quando existe o jornalismo. E sempre para ajudar um grupo político. Isenção é utopia. A verba quase sempre pauta o verbo nas redações. A diferença é que agora o fake news da grande imprensa tem a concorrência da internet. A democratização da mentira. Uma campanha política tem mais ficção do que realidade. E cabe ao eleitor a difícil missão de filtrar.

A união da direita é a única saída para a sua sobrevivência. Enquanto isso não acontece, Rollemberg vem agindo para minar algumas candidaturas e aglutinar apoios. Um dos alvos é o PSDB de Izalci Lucas. No cenário local, os tucanos já racharam. Se Izalci é oposição, nomes como a ex-governadora Maria de Lourdes Abadia ocupa cargos no primeiro escalão do GDF.

No cenário nacional, o acordo para o PSB apoiar a candidatura do governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) ao Palácio do Planalto, pode rubricar a ida dos tucanos ao palanque de Rollemberg. Izalci teria que procurar um novo abrigo. E se enfraquece na disputa.

Outro alvo de Rollemberg é o PPS. O partido abriga alguns dos mais ferrenhos opositores do governador. A negociação, novamente, é feita n o cenário nacional. Quem já passou pelo PPS e conhece o seu presidente, Roberto Freire, sabe que isso não é difícil acontecer. Se bem negociado, o PPS cai no colo e no palanque de Rollemberg.

Se o governador vem tendo algum sucesso nas negociações, por outro lado precisa melhorar a sua imagem. As referências negativas à sua administração prevalecem ao noticiário positivo. Vencer a guerra de comunicação é importante para chegar competitivo às eleições.

Hoje seu maior adversário é o ex-deputado Jofran Frejat, segundo colocado nas eleições ao Buriti em 2014. Uma disputa à reeleição é sempre uma espécie de referendo onde o eleitor irá dizer se aprova ou não a administração. Com Frejat na disputa, pode representar mais do que isso. O brasiliense poderá comparar propostas diferentes e decidir se continua no atual modelo e dar uma guinada a 2014.

Bem colocado nas pesquisas, Frejat se manteve até agora de forma discreta. As pesquisas o ajudaram a não se expor tanto e evitar ser alvo de aliados e adversários. A partir de março o jogo é para valer. E Frejat, experiente que é, sabe disso e terá presença mais frequente no cenário político. Acabou o período de especulação e balão de ensaio.

Existem ainda outras candidaturas em gestação. Mas nenhuma relevante. O PT não terá nome competitivo. O PSol, que apareceu bem em 2010 e 2014, será uma mero figurante. O Novo vem com um empresário Alexandre Guerra, herdeiro da rede de fast food Giraffas, e será uma incógnita.

Essa novela pré-eleitoral está em seus últimos capítulos. Dará vez a disputa de fato. Não mais no bastidor e sim no corpo a corpo com o eleitor. Até lá, ainda veremos um enredo com muitas intrigas e mentiras.

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