Rua em Tóquio atrai pessoas do mundo inteiro em busca de utensílios especiais de cozinha

Kappabashi, escondida em um bairro movimentado da capital japonesa, vende de facas exclusivas a comidas feitas perfeitamente com plástico

Em Tóquio, no Japão, os moradores costumam se referir à rua Kappabashi, em Taito, como a Kitchen Town (“cidade-cozinha”), por causa das mais 170 lojas que oferecem todos os tipos imagináveis de produtos para cozinhas ー profissionais ou amadoras: de fogões a facas e cerâmicas artesanais, de comidas feitas de plástico a hashis assinados por grandes mestres locais.

“É um destino gastronômico por excelência”, disse a brasileira Juliana Magalhães, que viajou a Tóquio no ano passado e visitou a rua. “Não se trata do comer propriamente, mas de perceber como o ato de se alimentar envolve tantos detalhes e pode ter tanta sofisticação. É quase um ensinamento que o Japão ensina ao Ocidente”, completou.

Entre as lojas mais tradicionais da Kappabashi estão a Kamata Hakensha, a Dengama e a Maizuru, que oferecem produtos variados, mas são conhecidas internacionalmente pela exclusividade de suas mercadorias. A primeira é especialmente famosa pela sua antiguidade: fundada em 1923 por uma família que revendia facas (no Japão elas são chamadas de “wabocho”) feitas por um artesão em Sakai, na cidade de Osaka.

A grande atração da loja é o patriarca da família, Seiichi Kamata, especialista nas wabochos que vende ー e não à toa sua inspeção dos produtos virou um ritual entre os visitantes do estabelecimento. Kamata tem vários discípulos e seguidores locais ー faz sucesso até no Instagram, basta procurar pela hashtag #kamatahakensha.

Na loja, é possível encontrar desde pequenas facas de corte de vegetais até grandes machetes artesanais ー como a “damascus”, que imita um tronco de árvore e possui uma lâmina feita de aço carbono, o mesmo metal usado em espadas de samurais.

Na Dengama, por sua vez, os consumidores são os restaurantes premiados japoneses e grandes cozinheiros internacionais que viajam à metrópole nipônica em busca de cerâmicas, conhecidas como yakimono, e porcelanas de alguns dos maiores fornos do país. Há ainda pratos, xícaras e bules de chá ー no Japão do século 16, o cerimonial do chá era uma convenção social importante.

Já a Maizuru, uma das grandes atrações turísticas da Kappabashi, vende comidas de plástico incrivelmente perfeitas. A história contada pelos fundadores é que uma empresa que originalmente produzia amostras de espécies médicas em Osaka se mudou para Tóquio em 1948 para focar em moldes alimentares. Na época, eles eram populares entre restaurantes que gostavam de exibir reproduções de suas receitas nas suas varandas. O negócio com os estabelecimentos cresceu e hoje representa 70% do faturamento da loja.

As peças hiper-realistas de lamens, macarrões, pizzas e cerveja fazem sucesso entre os turistas. “É uma aglomeração de gente tirando foto das comidas, que mesmo na sua mão, parece que são de verdade”, diz Juliana. A brincadeira, de qualquer forma, não é barata: um pote de lamen de mentira custa cerca de R$ 300.

Para quem não quer gastar muito e, ao mesmo tempo, quer equipar a cozinha com as peças da Kappabashi, há vários outras pequenas lojas (como a Niimi, aberta em 1907) que vendem de tudo: potes, facas, talheres, pratos, xícaras, bules, eletrodomésticos, facilidades de cozinha, etc. De Shibuya, coração de Tóquio, se chega à rua em 20 minutos de metrô (estação Inaricho). O ponto turístico mais próximo é o Museu Nacional de Tóquio, no parque Ueno Onshi.

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