Setor produtivo do Distrito Federal perde valor

A falta de política industrial e de apoio ao empreendedor tem surtido efeitos no desempenho de diversos setores no Distrito Federal. Neste ano, o ranking atualizado pelo Valor Econômico aponta que das 1000 maiores empresas nacionais, apenas 15 têm sede no DF. Destas, somente quatro são privadas.

A OCS Investimentos (comércio varejista), Asa Participações (agroindústria), Grupo Santa (serviços hospitalares) e Brasal Refrigerantes (setor de bebidas) são as poucas sobreviventes a um mercado completamente desfavorável.

Na observação do ranking, o setor produtivo do DF perdeu muitas participações neste ano. Já tivemos várias empresas da construção civil, da Tecnologia da Informação, por exemplo, bem situadas entre as 500 maiores empresas. Agora, com uma amostra maior – o dobro de empresas – e pouquíssimas participações privadas.

Cabe observar que neste ranking, somente participam empresas que candidatam-se, portanto algumas optam por não participar. Ainda assim, há um recuo drástico do setor produtivo e industrial, que está muito aquém da representação que aconteceu nos últimos dez anos.

Na Construção Civil, pode-se considerar o efeito da Operação Lava Jato, que afetou algumas empresas com sede no DF e, principalmente, a recessão econômica que afetou todos os setores. Na Tecnologia – outro ramo que já teve representatividade entre as mil maiores empresas e, neste ano, nenhuma apareceu – há de se considerar a venda de empresas para grupos de outros estados da Federação. A CTIS, por exemplo, agora compõe a estrutura da Sonda, que tem sede em São Paulo.

Essa situação foi bastante comum devido às facilidades de se empreender em outras Unidades da Federação, enquanto, na Capital Federal, a burocracia e a falta de incentivos ainda reina.

O setor empresarial no DF está enfraquecido. O cenário é resultado do recuo da representação privada no DF, da falta de investimentos do GDF, que reduziu drasticamente para as empresas de construção civil e de TI, mas, especialmente, por uma sucessão de governos que não promoveram a indústria e o setor produtivo. Não criaram condições econômicas, nem fiscais, nem ambiente favorável para a criação e manutenção da Indústria no DF.

O peso dessa inoperância, gerada de maneira gradual ao longo dos últimos dez anos, levou a este resultado estampado pelo Jornal Valor. Somente neste ano, o governo local retomou algumas medidas no sentido de reanimar esses setores, que são primordiais para o crescimento sustentável da economia.

No mês passado, o Governo do Distrito Federal reativou o Financiamento ao Desenvolvimento Econômico e Sustentável do Distrito Federal (Ideas), inativo desde 2015. Também voltou a oferecer o Financiamento Especial para o Desenvolvimento (Fide), linha de crédito específica para o setor produtivo, inativa desde 2010. A reforma do Pró-DF conseguiu, finalmente, chegar à Câmara Legislativa, após dois anos de pressão, por meio do Projeto de Lei n° 1.743/2017.

Apesar de tardia, é louvável esse momento do despertar da Administração Pública. É uma pena, no entanto, que isso só ocorra quando a situação já é de extrema delicadeza.

Os dados mostram que o fechamento de unidades comerciais superou o de aberturas em 2,5 mil em 2016 no DF. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), estima que o volume de receita neste ano será de -3,0%. O consumo das famílias teve recuo de 4,2%.

Os índices funcionam como um empilhamento de peças de dominó: quando um setor não vai bem, os outros tendem a sofrer as consequências. A prova está na situação de desemprego, endividamento e aumento da miséria que já era considerada equilibrada dentro no limite de controle.

Se o que move o poder público é a pressão, vamos fazê-la. Basta apenas termos em mente que a alteração da matriz econômica – de estritamente ligada ao serviço público para o setor privado – é o que vai possibilitar a mudança concreta e sustentável do cenário. Precisamos planejar esta mudança e eleger nossos timoneiros!

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