Terapia Comunitária Integrativa está em 29 unidades de saúde pública do DF

Prática aproveita experiências da própria comunidade para criar soluções para as dificuldades de cada paciente. Método fortalece os laços sociais e os benefícios da vida em conjunto

 

Maria Irani Medeiros, de 54 anos, vê em compartilhar problemas com os outros o alívio para os seus próprios. Ela é uma das pacientes da Unidade Básica de Saúde (UBS) 2 de Samambaia que participam toda sexta-feira dos encontros de Terapia Comunitária Integrativa (TCI).

Terapia Comunitária Integrativa aproveita experiências da própria comunidade para criar soluções para as dificuldades de cada paciente. Método fortalece os laços sociais e os benefícios da vida em conjunto
Terapia Comunitária Integrativa aproveita experiências da própria comunidade para criar soluções para as dificuldades de cada paciente. Método fortalece os laços sociais e os benefícios da vida em conjunto.

“Nós viramos amigos. Quando estou precisando, vou à casa deles conversar”, conta a dona de casa. As sessões — também chamadas de rodas — duram duas horas e ocorrem, nesse caso, no Parque Três Meninas.

Disponível na rede pública de saúde do Distrito Federal desde 2011, o princípio da prática é, com base na intervenção coletiva, aproveitar as experiências da comunidade para incentivar cada paciente a criar as soluções para suas próprias dificuldades.

A TCI ainda fortalece os laços sociais e os benefícios de viver em conjunto, complementa a coordenadora-técnica de Terapia Comunitária Integrativa da rede, Doralice Oliveira Ramos.

“A partir do momento em que consigo ouvir a dor do outro, também penso na minha e em estratégias de como melhorar e cuidar melhor de mim”, avalia a servidora da Secretaria de Saúde. “Com isso, estabelecemos redes solidárias.”

No espaço de escuta e fala, há regras claras, tais como:

  • Fazer silêncio quando tiver de ouvir o outro
  • Falar de si
  • Usar recursos culturais, como cantos, quando possível
  • Não dar conselho. Isso envolve não julgar ou criticar os demais participantes

“Aqui somos todos iguais, por isso estamos em círculo”, explica a psicóloga Andréa Mota Machado Dias, que ajudou a implementar o grupo em Samambaia, em 2011.

Encontros têm temas diferentes a cada dia

Ela o toca ao lado de uma assistente social. Os encontros, com temas diferentes a cada dia, são divididos em momentos para a acolhida, a escolha do assunto e a partilha de experiências.

As demandas chegam por encaminhamento de alguma unidade de saúde da região ou, espontaneamente, da própria comunidade. Não há limite de idade para participar.

A terapia comunitária é uma das 14 práticas integrativas em saúde disponíveis na rede e oferecida em 29 unidades no DF (veja os locais, dias e horários).

Metodologia difundida em todo o Brasil

Criada em 1987, em Fortaleza (CE), a metodologia está difundida em todo o Brasil — com cerca de 35 mil terapeutas — e presente em todos os países da América Latina, além de outros da Europa: Dinamarca, França, Itália, Portugal e Suíça.

Segundo Doralice, há 33 terapeutas comunitários da rede pública local em formação pelo Movimento Integrado de Saúde Mental Comunitária (Mismec) do Ceará, sem custo para o governo.

Em 2012, quando havia apenas seis grupos de TCI, a secretaria capacitou 50 servidores para trabalhar com a técnica, o que permitiu aumentar a quantidade de opções. Em Brasília, o curso é oferecido pelo Mismec-DF.

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