Aliança nacional entre PSDB e PSB é “cada vez menos provável”, analisa Saulo Batista

Considerada fundamental tanto para fortalecer a candidatura presidencial de Geraldo Alckmin (SP), especialmente no Nordeste, quanto para a reeleição do governador Rodrigo Rollemberg (DF), uma coligação entre o PSDB e o PSB, em nível nacional, parece cada vez mais distante. Essa é a avaliação de Saulo Batista (PSDB-DF), tido como o mais próximo do grupo do governador paulista dentre os tucanos do Distrito Federal.

“O governador (de São Paulo, Geraldo Alckmin) foi muito acertivo ao destacar que, sim, queremos uma aliança nacional com o PSB, mas que isso não depende só de nós. As construções políticas se fazem, principalmente, através de gestos. Na medida em que o PSB realiza seu congresso nacional, com painéis em homenagem a Dilma e Lula, tendo ao seu lado representantes do PT e seus satélites, como o PDT e o PCdoB, temos, para mim, uma indicação clara dos rumos que eles pretendem tomar em 2018”, afirmou Saulo, que integra o Secretariado Nacional de Relações Trabalhistas e Sindicais do PSDB.

Para o tucano, o fato do presidente nacional do PSDB e pré-candidato a presidência da república não ter participado do evento é algo a ser levado em conta. “A ausência do Geraldo no congresso, num contexto onde setores relevantes do PSB estavam se mobilizando para hostilizá-lo caso comparecesse, parece indicar uma falta de sintonia que pode comprometer ou, ao menos por ora, impedir que este apoio ao nosso projeto presidencial se concretize”, ponderou.

“A informação que temos é a de que o PSB não definirá neste congresso sua posição no que diz respeito à disputa presidencial de 2018, que deixará para fazê-lo mais pra frente. Isso faz com que haja mais tempo para a atuação daqueles que, dos dois lados, estão empenhados na construção desta aliança. Neste sentido, os movimentos adotados pelo Geraldo tem sido notórios. Mas, apesar de todos os esforços, uma aliança nacional entre tucanos e socialistas, já no primeiro turno, me parece cada vez menos provável”, avalia Saulo Batista.

 

Dificuldades nos Estados

 Segundo Saulo Batista, o principal entrave para uma coligação com o PSB tem sido a as disputas estaduais nas quais os artidos se encontram em lados opostos. “As dificuldades começam por Pernambuco, onde já está consolidada uma aliança entre o PSDB, o PTB, o DEM e o PMDB, numa coalizão de oposição ao governador Paulo Câmara, do PSB, que tentará a reeleição”, destacou.

“Além de Pernambuco, onde o PSDB e o PSB não caminham juntos desde 2016 e de onde vemos sinais claros de reaproximação entre socialistas e petistas, há outros estados nos quais será muito difícil, quase impossível, unir os dois partidos. Na Paraíba, o Ricardo Coutinho já afirmou, com todas as letras, que não apoiará o Geraldo para presidente. Na Bahia, a senadora Lídice da Mata integra a base do governador Rui Costa (PT) e assim permanecerá, independente de uma eventual aliança nacional entre o PSB e o PSDB. No Espírito Santo, temos o vice-governador Cesar Colnago, que é presidente estadual do PSDB e um dos principais aliados do governador Paulo Hartung (PMDB), o que torna quase impossível o apoio à candidatura de Renato Casagrande, do PSB, ao governo. São muitos os casos nos quais, mesmo no caso de uma aliança nacional, as realidades locais irão impor grande dificuldades para uma composição nos estados”, ressaltou Saulo Batista.

 

São Paulo

 “Estive com Márcio França (vice governador de São Paulo, do PSB) na semana seguinte à convenção que elegou o Geraldo presidente nacional do PSDB. Ele sempre soube que o apoio do PSDB à sua eventual candidatura à reeleição seria muito difícil de acontecer. Hoje, a presença de um candidato tucano na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes é dada como certa. Creio eu que, muito provavelmente, teremos uma aliança na qual o vice-governador, numa chapa do PSDB, será o ministro Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD. Aliás, seria muito importante se essa aliança pudesse se repetir também em Brasília. Especialmente se o deputado Rogério Rosso tiver a disposição para disputar um cargo majoritário, talvez o de senador, e ele reúne todas as condições para isso, o PSD poderia, ao lado do PSDB, ser um dos mais importantes pilares para a construção de um palanque sólido para a nossa campanha presidencial aqui no DF”.

 

Distrito Federal

 “Os governadores Rodrigo Rollemberg e Geraldo Alckmin são amigos, mantém um diálogo permanente. Nos últimos dias, o governador Rollemberg chegou até a defender publicamente a candidatura do Geraldo, algo que, até onde eu me lembro, ele nunca tinha feito antes. Apesar disso, na minha opinião, uma aliança entre o PSDB e o PSB em Brasília está praticamente descartada, principalmente em função da conjuntura nacional, onde uma coligação entre os partidos no primeiro turno da eleição presidencial parece cada vez mais distante. Neste contexto, muito dificilmente teremos um movimento top to down, vindo de cima, para forçar uma composição com o PSB no DF. O que eu percebo, hoje, na executiva nacional, é uma tendência no sentido da manutenção do deputado Izalci como presidente do PSDB-DF, o que nos levaria para a disputa com uma candidatura própria, o que é mais provável, ou numa coligação dentro do campo de oposição ao governador Rollemberg”.

Ao comentar a participação do grupo dissidente no governo Rollemberg, Saulo Batista evitou se posicionar em relação às disputas internas do PSDB-DF e não poupou elogios à ex-governadora Maria de Lourdes Abadia, adversária de Izalci. “As nomeações de Ilza Peliz e da governadora Abadia foram dois acertos do governo. Digo isso, principalmente, sob a perspectiva que deve guiar a indicação de um secretário de Estado: a dos ganhos de qualidade para a gestão pública e os benefícios para a população que trás a escolha de pessoas tão experientes e qualificadas para conduzir as políticas sociais no Distrito Federal. A governadora Abadia, fundadora do partido, é uma das tucanas mais respeitadas e admiradas em todo o Brasil. Ainda que o PSDB não venha a apoiar a reeleição de Rollemberg, o que parece mais provável, estou certo que elas deixarão sua marca como duas das secretárias mais destacadas deste governo”.

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