Artigo | A educação como lição, por Izalci Lucas

Num mundo em que a evolução tecnológica  parece desafiar o próprio tempo, com novidades e avanços quase que diários, há que se ter em mente que a educação também precisa acompanhar este ritmo. Sem saudosismo, temos que estar atentos a mudanças e adaptações que se fizerem necessárias no ensino a qualquer tempo.

A recém-aprovada reforma do ensino médio, sancionada dia 16 passado pelo presidente Temer, é um passo importante no sentido da modernização da educação, mas não pode ser vista como um modelo definitivo para as próximas gerações. Outras mudanças poderão ser necessárias, principalmente para acompanhar as evoluções tecnológicas que não param de surgir.

Ao possibilitar que o aluno possa escolher o caminho do ensino técnico, o  novo ensino médio reconhece as novidades no mercado de trabalho, com diversas profissões que até pouco tempo sequer constavam de qualquer catálogo de empregos no Brasil. Os alunos agora terão a liberdade de escolha, mas terão muito mais que isso. Terão a oportunidade de aprofundar os estudos de matérias que realmente têm a ver com a profissão que decidiram seguir.

Os primeiros meses de discussão da Medida Provisória do Ensino Médio, da qual tive a honra de ser o presidente da Comissão Mista,  não foram fáceis. Além do corporativismo, enfrentamos também a ira de um partido político que acabara de ser apeado do poder e que queria – e ainda quer – de toda forma tumultuar o cenário político nacional. Um grande erro, pois educação sempre está à frente de tudo, em especial da política.

Criticaram porque a matéria foi proposta via Medida Provisória, mas se esqueceram de que o assunto estava na pauta do Congresso desde 2013, por um projeto de lei de um membro da base governista daquela época, um deputado do PT. Ficou três anos parado, uma eternidade para um assunto tão importante quanto educação.

O texto da Medida Provisória, por sinal, mantinha boa parte do texto  do Projeto de Lei de 2013. E as mudanças que foram aprovadas via emenda fazem parte do jogo democrático e, na maioria das vezes, vieram para aperfeiçoar  a proposta. Até porque é um assunto amplo, polêmico e que jamais alcançaria unanimidade.

O novo ensino médio traz muitos avanços, mas gostaria de ressaltar um em especial: a meta de dobrar a oferta de ensino integral dentro de três anos. Num país onde tantas mães precisam trabalhar diariamente e não têm um lugar seguro e saudável para deixar os filhos, ter escolas de tempo integral pode significar um avanço que vai muito além da educação. Beneficia as famílias, base de qualquer sociedade.

A carga horária do ensino médio, que hoje é de 800 horas/aula/ano, passará num primeiro momento para 1000 horas e aumentará paulatinamente até chegar a 1400 horas/ano, quase o dobro do que é hoje. Os céticos dizem que o sistema atual não comporta este aumento na carga horária. É verdade. Mas este governo e os próximos terão que fazer todos os esforços para que a rede pública de ensino do Brasil possa oferecer este novo modelo aos nossos jovens.

Os países que investiram em educação, todos eles prosperaram, evoluíram. Isso porque foram capazes de formar gerações ricas em saber. O economista britânico Arthur Lewis, ganhador do Prêmio Nobel, alertou em sua grande sabedoria que “a educação nunca foi despesa. Sempre foi investimento com retorno garantido”.

Os governantes brasileiros precisam cada vez mais absorver este ensinamento de Lewis. Pronunciada em meados do século passado, a frase é e sempre será atual. Infelizmente, o Brasil nunca priorizou a educação. Hoje estamos colhendo os frutos amargos que plantamos.

Mas não devemos ficar olhando pelo retrovisor. Sempre dá tempo de construir um novo futuro, principalmente para as novas gerações. Fico muito honrado de ter presidido a Comissão Mista que aprovou as novas regras do ensino médio.

A evolução da humanidade, entretanto, nos obriga a um permanente estado de alerta para novas mudanças. Sem preconceitos, dogmas, corporativismos, deveremos buscar sempre avançar rumo a uma educação digna de um Brasil que se sabe grande em tamanho, mas ainda precisa ser grande em melhor qualidade de vida para seus moradores.

E qualidade de vida se constrói pessoas  com emprego, moradia, saúde e segurança. Mas tudo isso só é alcançado pela educação. Esta é a lição a ser aprendida.


(*) Izalci Lucas Deputado Federal, presidente regional do PSDB-DF e presidiu a Comissão Especial Mista que analisou a Medida Provisória do Novo Ensino Médio

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