ENTREVISTA | Presidente da FIEG critica possível corte de recursos do sistema S anunciado pelo governo

O ano letivo do Serviço Social da Indústria (SESI) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) começou na última semana no estado de Goiás. A expectativa é que sejam realizadas cerca de 250 mil matrículas em 2019, nos níveis de formação inicial e continuada; educação profissional e técnica e educação superior.

Preocupado com o destino das atividades realizadas, tanto pelo SESI quanto pelo SENAI, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (FIEG), Sandro Mabel, respondeu a pontos que, segundo ele, garantem a eficiência dos serviços realizados pelo sistema S.

Por que existe uma preocupação das instituições e de companhias ligadas à indústria de que esse corte nos recursos aconteça?

“Nós temos um objetivo para os próximos quatro anos de tornar os alunos do SESI e SENAI de Goiás a Coreia do Sul na educação profissionalizante. Vai ser o melhor treinamento, o melhor aperfeiçoamento, nós estamos trabalhando duro nesse sentido. É por isso que nós temos a preocupação com essa ‘facada’ que o Paulo Guedes quis dar ou fala em dar no sistema. É porque ele tem que dar facada em muitos outros lugares, menos na educação da indústria, porque o Brasil precisa ter competitividade. ”

Qual a situação atual do setor industrial no Brasil e de que forma a manutenção dos recursos pode garantir um futuro melhor para o país?

“Só para ter uma ideia, a Argentina produz 60 milhões de toneladas de soja e ela industrializa 40 milhões de toneladas. O Brasil produz 120 e industrializa 40. Isso mostra o tanto que estamos atrasados. Quer dizer, a mesma coisa que a Argentina com a metade da produção que a Argentina tem em relação ao Brasil. Então o Brasil precisa mudar essa concepção. E essa concepção de industrialização e de competitividade passa pela profissionalização. E o sistema s, de uma maneira geral, traz essa condição de profissionalização que o governo federal não tem feito. ”

Na sua avaliação, qual o diferencial positivo do SESI e do SENAI em relações a outras instituições de ensino?

“Menino na nossa escola repete de ano. Não tem esse negócio de passar menino que não foi bem. Não foi bem, repete de ano. Não tem essa que nem na escola pública que hoje o menino tem que seguir. Vai passando de um ano para o outro, mesmo ele não tendo capacidade vão empurrando o menino para frente. Chega lá no fim, é uma educação péssima. A nossa não, o menino não fez, repete de ano. E se repetir duas vezes sai da escola. Quer dizer, a seleção nossa é cada vez maior. Então os bons são formados aqui pelo nosso sistema S, e são os que vão, certamente, fazer a diferença, principalmente para a indústria. ”

Estudar no SESI ou no SENAI pode ser a garantia de conseguir um emprego com mais facilidade?

“Nós garantimos que os alunos que passam na nossa escola, se formam e se profissionalizam dentro das nossas escolas, 80% deles saem empregados. Então as empresas buscam esses garotos que são profissionais dentro das nossas escolas enquanto eles nem formaram ainda. Ele já sai com essa visão de que vai trabalhar em uma indústria um dia. E as indústrias saem buscando ele para isso. Enfim, nós temos aí uma série de ações, de cidadania sobre tudo. Ele não sai só uma pessoa treinada profissionalmente. Ele sai um cidadão mais preparado, mais disciplinado e, isso daí toda indústria quer.”

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