Inteligência Artificial: da ficção à realidade

Quando uma autoridade dá um conselho, o mínimo que se pode fazer é escutar. O setor de tecnologia tem recebido vários, alguns num mesmo sentido.

Há quase meio século, em 1968, o genial Stanley Kubrick produziu e dirigiu o filme “2001 – Uma Odisseia no Espaço”. No futurístico enredo de Arthur Clarke, o terrível e inteligente computador HAL 2009 eliminou, um a um, os membros da tripulação da nave interplanetária. Naquela época, esse tipo de tecnologia era apenas uma ficção: uma máquina que pensava e que buscava a supremacia pelo raciocínio lógico.

Em 2015, o famoso cientista inglês Stephen Hawking, alertou o mundo sobre os riscos do uso da Inteligência Artificial (IA). Segundo o cientista, a IA é “a maior ameaça existencial para a humanidade”, pois, em longo prazo, se projetariam sozinhas em ritmo crescente. Para o cientista, as máquinas poderiam chegar ao ponto de desbancar o ser humano.

Na semana passada, Elon Musk, dono das empresas Tesla Motors, SpaceX e OpenAI, se referiu a esse tipo de tecnologia como “mais perigosa do que a Coreia do Norte”. Musk é um dos empresários mais inovadores do mundo, assinando projetos de transporte interplanetário como forma de salvação da espécie humana frente à mudanças climáticas e outros aspectos. Sobre a AI, Elon afirma que “até que as pessoas vejam robôs matando gente na rua não se entenderão os perigos da inteligência artificial”.

Apesar de precisos, esses cientistas ainda estão desacreditados pela maioria. Muitos acharam exagero, mas o reforço chegou. 

Desta vez, são 115 empresários e autoridades no assunto aconselhando total controle no desenvolvimento de produtos dotados de IA. A preocupação é, especialmente, relacionada à produção de armas autônomas letais, as quais classificam como soldados-robôs ou robôs assassinos.

A temática seguiu em forma de carta, assinada pelos especialistas para a Organização das Nações Unidas. O pleito é para que a ONU regulamente e fiscalize a confecção de armas que podem ser programadas para ações específicas, utilizando-se das técnicas de programação conhecidas como Inteligência Artificial. Neste ponto, não é nenhum absurdo comparar o possível cenário com o enredo do clássico e dizer que HAL 2009 retorna em forma de Armas Autônomas Letais.

As autoridades acreditam que o que vimos no filme pode ser realidade, se usado por pessoas maliciosas. Seria algo como a Bomba Atômica em termos de proporção, e pode-se relacionar com o genocídio da 2ª Guerra Mundial, se considerada a possibilidade de programação para, por exemplo, assassinato de grupos específicos. 

Após os relatos do ataque ocorrido recentemente em Barcelona, não há como ignorar que existem pessoas incrivelmente interessadas nesse tipo de ação. Esse caso, evidenciou o motivo da urgência declarada pelos empresários.

Após o atentado, que deixou 13 mortos e mais de 130 feridos, vizinhos e parentes alegam que já desconfiavam das atividades do principal suspeito ser o articular de toda a ação. Questionados sobre o porquê de terem se mantido inertes, responderam não acreditar que iria tão longe, e que “na verdade, ninguém poderia imaginar que os rapazes poderiam fazer algo assim”.

Aliás, foram tantos ataques sucessivos nos últimos anos, que fica cada vez mais evidente que a tecnologia não é mais um mistério para terroristas, e que lamentavelmente pode se tornar uma grande aliada, se não for controlada. 

O que se espera da ONU é que busque normatizar a produção de equipamentos letais autônomos, tal qual se fez com os artefatos nucleares. No Brasil, espera-se que o tema seja acompanhado e debatido urgentemente, antes que a produção se torne impossível de ser controlada.

Por pior que seja a sua índole, o ser humano é controlável. Já a máquina feita para matar é invencível.  É urgente encarar a realidade e o fato, é que já estão em operação, drones equipados e programados, com baixo custo de aquisição. O futuro de Kubrick é a nossa realidade. Precisamos evitar que mais armas estejam apontadas para as nossas cabeças, notadamente estas, controladas por frios comandos autônomos da IA.

Ricardo Caldas é presidente do Sinfor – DF e da Telemikro SA. Engenheiro e Mestre em Engenharia Elétrica pela UnB.

1 Comment on "Inteligência Artificial: da ficção à realidade"

  1. FOUDA_SE JAJAJAJAJA>>> eu qujero que as maquinas dominem …jheheheheheehehehehe

Faça um Comentário

Seu endereço de email não será mostrado.


*