Mangueira e Portela são as favoritas na segunda noite de desfile no Rio

Estrutura de carro alegórico quebrou deixando feridos no desfile da escola de samba Unidos da Tijuca, pelo grupo especial, no Sambódromo (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Em mais uma noite de problemas com carros alegóricos e feridos na Marquês de Sapucaí, Mangueira e Portela conseguiram encerrar os desfiles hoje (28) como fortes candidatas ao título.

A primeira escola que desfilou foi a União da Ilha, que investiu em carros alegóricos gigantes para abordar o tempo em seu enredo, que partiu do mito angolano de Nzara Ndembu. O abre-alas da escola se destacou na avenida, com 18 metros de altura.

O penúltimo carro da agremiação, no entanto, apresentou problemas já ao entrar no sambódromo e acabou causando um buraco no desfile, falha considerada grave se for constatada diante da cabine de jurados. Na saída, mais uma vez o carro dificultou a vida da escola, que teve que correr para encerrar o desfile dentro do limite de uma hora e 15 minutos.

A São Clemente apostou em um desfile bem humorado e colorido para contar a história que antecedeu a construção do Palácio de Versalhes, na França. Na época, um alto funcionário da coroa francesa construiu um palácio incompatível com sua renda, e, indignado, o rei ordenou que fosse construído um maior.

Com carros menores e fantasias mais leves, a escola conseguiu passar pela Sapucaí sem problemas.

No desfile da Mocidade, o gigantismo retornou e os problemas também. A escola teve dificuldade para manobrar um dos carros na saída da avenida, e, em outro veículo, uma integrante caiu quando o pedestal em que ela estava desabou.

Com belos carros e fantasias que abordaram o Marrocos e também resgataram histórias como As Mil e Uma Noites, a escola conseguiu empolgar o público. Um dos pontos altos foi o tapete voador que decolava de sua comissão de frente, fazendo com que Aladdin sobrevoasse as arquibancadas. O coreógrafo Saulo Finelon comemorou o sucesso do aeromodelo.

“Foi uma comissão de frente lúdica e alegre, com bastante efeito, que causou impacto na avenida. É muito trabalho e às vezes dá vontade de desistir. Aí, no final, dá tudo certo, e a gente vê que vale a pena.”

A Unidos da Tijuca entrou na avenida cercada de expectativas, já que nos últimos anos têm se destacado com boas posições e títulos no carnaval do Rio de Janeiro. Um acidente com 12 feridos, no entanto, pode ter deixado a escola na outra ponta da tabela. O topo de um carro alegórico afundou sobre os ocupantes, e os bombeiros precisaram fazer o socorro em meio ao desfile. A evolução da escola teve sua ordem de alas alterada com a paralisação do carro alegórico, e cinco pessoas tiveram que ser transferidas para hospitais.

A homenagem a Pixinguinha e Louis Armstrong contou com referências a nomes mais recentes da música americana, como Beyoncé e Whitney Houston. O presidente da escola, Fernando Horta, ponderou que nem tudo foi prejudicado pelo desabamento: “A bateria é muito boa, mestre-sala e porta-bandeira, a comissão de frente. Tudo isso passou bem”, disse. “Se a Tijuca desce, seria uma pena para o carnaval.”

A Portela fez um desfile que terminou com gritos de “É campeã!” e contou a relação histórica entre a humanidade e os rios, passando também por lendas e religiões. A escola lembrou Paulinho da Viola e o samba “Foi um rio que passou em minha vida” e também protestou contra a tragédia ambiental com a barragem da Samarco em Mariana.

O carnavalesco Paulo Barros terminou o desfile em clima de festa com os integrantes da escola.

“Foi um rio que invadiu a avenida”, disse. “Agora tem que esperar as notas, mas, independente disso, a Portela fez um belo desfile e cumpriu o papel dela”.

A Mangueira encerrou a noite com um enredo sobre santos que reúnem devotos no Brasil e emocionou com alegorias poderosas como as de Nossa Senhora Aparecida, Iemanjá e São Jorge.

“Eu não vi o desfile, só brinquei o desfile. Acho que a Mangueira fez um grande carnaval. Eu me diverti à beça”, disse o carnavalesco, Leandro Vieira.

O uso de imagens religiosas já foi motivo de atritos entre escolas de samba e a Igreja Católica no Rio de Janeiro, e o carnavalesco acredita que o desfile da Mangueira em 2017 ajuda a mudar isso. “É o carnaval fazendo as pazes com a igreja. Religião é cultura popular”, disse Vieira, que ouviu gritos de “bicampeã” de integrantes da escola e da arquibancada, já que a Mangueira foi a vencedora do ano passado.

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