MT: Região de Barra do Garças é a mais crítica para a qualidade da água

O relatório da Sema aponta que avaliou os rios da bacia Araguaia-Tocantins nos últimos três anos aponta que desmatamento, degradação de matas ciliares e aumento no aporte de sedimentos causados pela agricultura intensiva são fatores preocupantes

Com duas sub-bacias e grande influência das atividades de agronegócio, o município de Barra do Garças (509 km a leste da capital) foi um dos pontos mais críticos apontado pelo relatório de monitoramento da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) na bacia hidrográfica Araguaia-Tocantins. Esse é o terceiro estudo divulgado pelo órgão ambiental entre março e abril deste ano, dos quais dois apontam a situação de piora na qualidade da água dos rios de Mato Grosso.

Entre os fatores determinantes para o declínio na qualidade da água estão o lançamento de resíduos nos corpos hídricos sem o devido tratamento, somado à problemática da falta de saneamento básico e ao aumento do aporte de cargas difusas que contribuem para o incremento significativo de sedimentos e nutrientes, causados pela agricultura intensiva, desmatamento, degradação de matas ciliares e assoreamento das margens.

A qualidade da água é avaliada a cada quatro meses pelo laboratório da Coordenadoria de Monitoramento da Qualidade Ambiental da Sema, mas os dados são compilados e divulgados a cada três anos. Levando em consideração o aumento da quantidade de trechos com qualidade da água considerada apenas regular, o coordenador do setor, Sérgio Batista de Figueiredo, avalia os dados como alarmantes porque mostram uma oscilação tendenciosa para a piora. “Apesar de não ter tido nenhuma classificação ruim temos que ficar em alerta porque essa é uma região do Estado em desenvolvimento e é necessário atrelar esse avanço com a conservação ambiental”.

Sérgio destaca que o relatório é uma importante fonte de informação tanto para a sociedade, que precisa entender que algumas de suas ações, como jogar lixo nas ruas, contribuem para a poluição dos rios, e também para o Estado que poderá tomar decisões voltadas para a melhoria dos recursos hídricos. “São necessárias iniciativas para reverter esse quadro porque ele tende a piorar conforme cresce o número populacional. Também preciso lembrar que ações como a instalação dos Comitês de Bacia Hidrográfica e a melhoria do saneamento básico nos municípios são primordiais para garantir a qualidade da água”.

Comitê de bacias

Para fortalecer a política de recursos hídricos, a gerente de Fomento e Apoio aos Comitês de Bacia Hidrográfica da Sema, Leonice de Souza Lotufo, explica que é primordial a atuação dos comitês de bacias. Dos 10 comitês existentes no Estado, apenas um compreende a bacia Araguaia-Tocantins: Comitê Ribeirões Sapé e Várzea Grande (Covapé), que atende apenas os municípios de Poxoréo e Primavera do Leste, mas já está em fase de ampliação para atender Campo Verde e Dom Aquino, ambos com afluentes do Rio das Mortes.

A partir de 2017 a bacia Araguaia-Tocantins contará com o apoio de mais um comitê: o CBH Alto Araguaia. Ele foi criado ainda neste ano, mas tomará posse apenas em 2017 quando poderá iniciar suas atividades e atender além da região de Barra do Garças, outros 11 municípios da sub-bacia do Rio Garças. “Os CBHs têm total autonomia para auxiliar o Estado a fazer a gestão da água. Eles podem propor medidas de melhorias e evitar que esses rios que estão regulares hoje sofram maiores degradação da qualidade da água no futuro, por isso é importante para a bacia poder contar com o apoio não só do Estado como também dos usuários da água e população”.

Sobre o relatório

Oito amostras foram coletadas de cada um dos 19 trechos das sub-bacias dos rios Araguaia, do Garças e Mortes, em 12 municípios, de 2012 a 2014. O estudo levou em consideração 28 parâmetros físicos, químicos e microbiológicos avaliando a quantidade de Escherichia coli (coliformes fecais), a coloração da água, a turbidez, concentração de fósforo total, o oxigênio dissolvido entre outros.

Em 2012, onze estações de coleta apresentaram a qualidade da água regular e oito foram considerados boas, dos quais cinco compreendem a sub-bacia do rio Mortes nos trechos de Nova Xavantina, do Novo Santo Antônio, da Ponte MT-251, em Campo Verde, do Ribeirão Sapé, em Primavera do Leste, do Toriqueje e Trecho Médio.

Neste período a qualidade da água dos trechos do Rio Garças, que passa no município de General Carneiro, do Rio Araguaia, em Araguaiana e do Rio Mortes, especificamente na estação do Ribeirão Sapé, em Primavera do Leste, foi considerada regular. Mas em 2013 a situação desses pontos melhorou e passou a ser avaliado como bom ao lado de outros oitos trechos. Já os números de trechos regulares caíram de 11 para oito em 2013.

A situação da bacia hidrográfica Araguaia-Tocantins voltou a piorar em 2014, quando apenas três trechos do Rio Mortes, um que passa em baixo da ponte MT-130, em Paranatinga e outros dois em Nova Xavantina e Barra do Garças receberam a classificação boa. Neste ano os trechos considerados como de qualidade regular aumentaram para 16. Ao contrário de Barra do Garças, a região baixa da sub-bacia do rio das Mortes é a mais preservada por ser pouco povoada, também pela presença do Pantanal do Araguaia e por ser uma área alagadiça.

Bacia Amazônica

O último relatório apresentado pela Sema, em abril de 2016, apontou que os rios da bacia hidrográfica amazônica têm a melhor qualidade de água do Estado. Nos últimos três anos, nenhum dos 26 trechos analisados apresentou água ruim para banho ou consumo. A presença de mata ciliar preservada e o baixo índice populacional são as principais razões pela manutenção da qualidade da água. Para esta análise foram coletadas oito amostras de cada um dos 26 trechos das sub-bacias dos rios Juruena, Guaporé e Teles Pires, em 18 municípios, de 2012 a 2014.

Bacia do Paraguai

Diferente da bacia amazônica, o relatório da bacia hidrográfica do Paraguai apresentado pela Sema, em fevereiro de 2016, relata a piora na qualidade da água de 11 rios. O grande problema é que são os rios que desaguam no cartão-postal de Mato Grosso, o Pantanal. Nove amostras foram coletadas de 37 trechos das sub-bacias dos rios Paraguai, Cuiabá e São Lourenço, em 23 municípios e dois distritos, durante os anos de 2012, 2013 e 2014.

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