OPINIÃO | Eleição de Joe Valle e a conciliação entre Executivo e Legislativo

Por Ricardo Callado


É certo afirmar que a eleição do deputado Joe Valle (PDT) à Presidência da Câmara Legislativa foi uma derrota do governo e uma vitória da oposição. Como também pode se dizer que o governo ganhou perdendo, pois Joe faz parte da base aliada do Buriti.

Em nenhum momento Joe se apresentou como oposição. Dos doze votos que recebeu, apenas cinco deles são de deputados contrários ao governo. Os outros 7 votos são de parlamentares da base do governador Rodrigo Rollemberg. Ou seja, Joe não era o candidato do governo, mas a sua vitória não pode ser considerada como derrota completa do GDF. Isso vai depender dos desdobramentos.

Rollemberg já fez o primeiro gesto de conciliação. Divulgou pouco tempo depois da votação uma nota oficial parabenizando Joe Valle. O governador pode fazer do limão uma limonada. É uma oportunidade que se escancara.

Política não se faz com o fígado e nem com retaliação. Rollemberg é inteligente, tem experiência no Legislativo e sabe como funciona às eleições para Mesa Diretora. Mas do que a vontade do Executivo, se busca interesses internos. E prevaleceu na eleição de Joe a independência da Câmara Legislativa e a recuperação de sua imagem.

A vitória de Joe Valle não pode ser vista pelo Buriti como algo ruim, mas como que pode ser positivo ao governo.

Se o governo não enxergar isso e partir para retaliação dos sete parlamentares governistas que votaram, ou ainda escolher alguns deles para serem “castigados”, estará errando a mão. O momento é de conciliação e de pacificação.

Outro ponto positivo é que o governo terá três dos cinco votos dos integrantes da Mesa Diretora. Se souber articular da maneira correta, poderá ter mais apoio que hoje, mesmo com uma Câmara independente.

Se partir para o confronto, perderá apoio e a base aliada ficará fragilizada de vez. Rollemberg tem poucas opções. Não tem como recompor. Não terá como atrair mais apoio do que aquele que já possui, contando ai com os votos do PT, que em um momento é base, em outro é oposição.

O governador tem em suas mãos talvez a maior oportunidade de melhorar sua relação com o Legislativo. Humildade e conciliação são as chaves para a reconstrução do governo e a recuperação da Câmara. A sociedade precisa de poderes independentes e que dialogam entre si de forma republicana. E é isso que se espera daqui para frente.

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