OPINIÃO | Metade mais um: Rollemberg monta sua base com 13 deputados

Por Ricardo Callado


O governador Rodrigo Rollemberg (PSB) busca um semestre mais tranquilo nas votações importantes que pretende aprovar na Câmara Legislativa. Para isso, faz um rearranjo em sua base aliada.

A proposta do governador é dividir sua base em três blocos. A soma dos deputados aliados seria de 13 deputados, ou seja, metade mais um, uma margem mínima e perigosa para aprovar qualquer proposição.

O governo aposta que é o suficiente já que sempre tem os votos dos parlamentares do PT em sua conta. Seria o quarto bloco governista, com três parlamentares. Assim se chegaria aos 16 votos.

Mas essa base não fala a mesma língua. Em muitos temas polêmicos, como a Lei do Silêncio e as organizações sociais para administração a saúde, não existe consenso entre os governistas.

O primeiro bloco de apoio de Rollemberg seria formado por Israel Batista (PV), Cláudio Abrantes (Rede), Chico Leite (Rede), Reginaldo Veras (PDT) e Joe Valle (PDT). Esses seriam os mais governistas e fiéis.

Outro bloco teria o atual líder do governo Julio César (PRB), além de Juarezão (PSB), Luzia de Paula (PSB), do partido do governador, e do deputado Lira (PHS), que recentemente passou por constrangimento público ao saber pela imprensa que suas indicações ao governo foram todas exoneradas.

Lira chegou a fazer um discurso no plenário da Câmara ainda atônito com o tratamento recebido pelo Buriti. Depois da humilhação política, Rollemberg busca o deputado para compor novamente a base governista.

A terceira frente aliada seria composta por Telma Rufino (sem partido), Sandra Faraj (SD), Rodrigo Delmasso (PTN) e Agaciel Maia (PR). Rollemberg quer fazer de Agaciel o próximo presidente da Câmara.

E quarta é formada por Ricardo Vale, Chico Vigilante e Wasny de Roure, todos do PT. Eles negam o apoio ao governo, mas se levar em conta as votações nesta Legislatura, estão entre os deputados mais fiéis ao Buriti.

Como essa nova formatação, Rollemberg também escancara a sua oposição. Ela é formada por Celina Leão (PPS), Raimundo Ribeiro (PPS), Cristiano Araújo (PSD), Robério Negreiros (PSDB), Rafael Prudente (PMDB), Wellington Luiz (PMDB), Bispo Renato Andrade (PR) e Liliane Roriz (PTB).

É uma oposição que nenhum governo gostaria de ter. É barulhenta e experiente. Além de ter traquejo na política.

Mas nem tudo é como parece. Esse novo desenho é muito frágil. Pode haver movimentação entre os dois lados.

Além disso, serão poucos os deputados que subirão na tribuna para defender o governo. Alguns não fazem para não colar a imagem ao governo, que não possui bons índices de popularidade. Se a avaliação de Rollemberg decolar, os deputados serão mais presentes em sua defesa.

Outros não defendem, por falta de experiência. E um terceiro grupo, por experiência demais.

O semestre será o teste de fogo para o governo. São pelo menos seis os projetos importantes que estarão na pauta. E será difícil se chegar a um consenso entre os governistas para aprova-los, como as novas regras para contratações de OSs na Saúde. Nesse, o bloco do PT desembarca na base aliada, além de outros deputados do primeiro bloco.

A venda de parte do parque Ezechias Heringer, situado no Guará é um negócio pode render R$ 400 milhões. O governo que usar o dinheiro para garantir os reajustes dos servidores previstos para outubro. Esse apelo pode garantir votos. Mas alguns ficarão com os dos pés atrás. Sempre deve se desconfiar quando a soma é muito grande.

O projeto de regularização dos Puxadinhos da Asa Sul é mais fácil de passar. E levará segurança jurídica para mil empreendimentos comerciais no Plano Piloto.

Outro que merece ampla discussão é a reformulação das regras do Simples Candango.

Se a nova base aliada funcionará vamos saber nas próximas semanas. Mas pelo menos existe dentro do Buriti uma disposição não vista no início do governo de manter um relacionamento com o Legislativo.

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