OPINIÃO | O simbolismo da ida de Rollemberg à Câmara Legislativa


O governador Rodrigo Rollemberg pegou muita gente de surpresa nesta quarta-feira (01). Em cima da hora, anunciou sua ida na abertura do Ano Legislativo na Câmara Distrital. O gesto foi visto como uma tentativa de pacificação nas relações institucionais entre os dois poderes.

Rollemberg fez um longo discurso, repetitivo em alguns momentos. Entre os acertos, destacou a importância do Legislativo a que disse ter “um grande apreço”, causando espanto em alguns.

No erros, o discurso da herança maldita, de que pegou um governo quebrado pelo antecessor, o ex-governador Agnelo Queiroz (PT), deixando a bancada petista de cara virada.

Depois de dois anos de governo, culpar o antecessor já não cabe mais. Serve de referência, lembrança. Não como justificativa para a ainda crise econômica do DF.

O governador ainda parafraseou uma citação famosa de James Freeman Clarke, pregador e escritor americano do Século 19. “Não estamos com os olhos voltados para as próximas eleições, mas sim com os olhos voltados para as próximas gerações”, disse Rollemberg. A frase original de James Freeman Clarke é: “Um estadista pensa nas próximas gerações, um populista pensa nas próximas eleições”.

Rollemberg aproveitou o momento para fazer uma prestação de contas do seu mandato. Ele pediu apoio dos deputados distritais para votação de projetos de interesse do governo. Ressaltou a colaboração da Casa na aprovação de matérias fundamentais para evitar o colapso financeiro da cidade, destacou a importância da harmonia entre os Poderes Executivo e Legislativo.

E se colocou à disposição dos parlamentares no debate de temas que possam melhorar a qualidade de vida dos moradores de Brasília. Ponto positivo para Rollemberg. A torcida é de uma mudança de postura do Executivo e do Legislativo. Se isso acontecer, sair dos discursos e for para a prática, a cidade tende a ganhar.

Essa relação deve ser pautada pelo respeito. São dois poderes autônomos. A Câmara não pode fazer uma oposição sistemática, da mesma maneira que o Buriti não pode tratar com desprezo o Legislativo.

A ida de Rollemberg  fez ele voltar ao passado, lembrando que iniciou sua carreira política pela Câmara Legislativa, onde foi distrital. Nesse momento, ressaltou a importância do Legislativo para o enfrentamento da crise econômica.

Na terça-feira (31), uma reunião na casa do coordenador da bancada federal no Congresso Nacional, deputado Izalci Lucas, reuniu 15 parlamentares, entre deputados distritais, federais e senadores. De lá, saiu um Pacto por Brasília para ajudar o governo a sair da crise, independente de posição partidária e ideológica. Os parlamentares estenderam a mão ao governador.

Nesta quarta-feira (01), foi a vez de Rollemberg falar sobre o Pacto por Brasília.  O governador afirmou que confia “na capacidade da população e no compromisso dos deputados em torno das questões fundamentais para a cidade”. Para ele, nada pode ser maior do que os interesses da população de Brasília. “Fica aqui um convite para a construção de um pacto por Brasília”, assinalou. Convidando ou aceitando o convite, tanto faz, o importante é que ficou pavimentado o caminho para o diálogo que tanto fez falta nos últimos dois anos e colocou o GDF no isolamento político. A bolha que encobre o Buriti pode estar prestes a ser estourada. Basta uma mudança de postura.

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