OPINIÃO | Vem aí a fase 2 da Operação Drácon. Quando seis não é meia dúzia

Por Ricardo Callado


Nos próximos dias deve ser deflagrada a fase 2 da Operação Drácon, investigação comandada pelo investigação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e pela Polícia Civil. Uma das mentes da operação é o promotor Jairo Bisol, da área de Saúde do Ministério Público.

A continuidade da operação serviria para fazer alguns ajustes. E também para colocar pressão no julgamento, que vai acontecer no dia 18 deste mês. É nessa data que será decidida pelo TJDFT a recondução ou não de integrantes da Mesa Diretora da Câmara, afastada na primeira fase da operação.

Quem teve acesso aos autos da investigação, se depara com centenas de páginas. Umas 700. No mundo jurídico é sabido que quando se monta uma peça desse tamanho é para que ninguém leia. Mas houve quem lesse. E encontrasse incoerências. Os elementos citados na peça e as degravações das conversas mostram menos do que parece.

A segunda fase deve fazer esses ajustes antes que os desembargadores do Tribunal de Justiça do DF encontrem as fragilidades em alguns pontos da denuncia do MPDFT.

A Operação Drácon 2 servirá para fazer justiça com alguns e complicar ainda mais a vida de outros. Irão mostrar de forma clara que seis não é meia dúzia. E quais os nomes que estão complicados e os que entraram de graça na história. Teve um pouco de política aqui, uma dose de simbolismo ali, e pitadas de vingança. E que na verdade são mais de seis. Basta tirar um nome aqui, e colocar outros acolá.

Especialista na área, Bisol foi quem explicou na época da primeira fase da Drácon o que se tratava. Ele disse que a deputada distrital Liliane Roriz procurou o Ministério Público para fazer denúncias “circunstanciadas”, inclusive de pagamento de propina. Mas que o órgão já estava apurando irregularidades com verbas orçamentárias da Câmara Legislativa.

De forma política, Bisol explicou que todo o ano existe sobras orçamentárias, o que, para ele, “mostra que a Câmara é um órgão muito rico”.

O promotor lamentou a mudança de destinação que ajudaria o Palácio do Buriti e completou: “Já era tradicional fazer uma suplementação para pagamento de pessoal para o Executivo do Governo do Distrito Federal. Mas esse ano a Mesa da Câmara decidiu fazer uma outra aplicação destes recursos: primeiro em manutenção predial e depois fez manobra repassando para pagamento de dívidas passadas com UTIs”.

E explicou que um decreto do governo local congelava os pagamentos de débitos hospitalares desde 2014, que seria pago parceladamente. E disse estranhar a decisão da Câmara.

A Drácon 2 será muito bem vinda. Será elucidativa, colocando os pingos nos iis. E que em termo de emendas orçamentárias, a coisa só anda quando os poderes estão de comum acordo, até por uma questão de autonomia e de quem é de verdade o ordenador das despesas.

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