PA: Fórum de Indicação Geográfica amplia credibilidade da gastronomia paraense

FOTO: SIDNEY OLIVEIRA / AG. PARÁ

Belém (PA) – Com traços marcantes das culturas indígena, africana e portuguesa, Belém se tornou referência no mundo gastronômico, condição reforçada ao ser eleita Cidade Criativa da Gastronomia pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). Um selo que contribuiu para o fortalecimento do turismo na capital. Agora, o Governo do Pará dá mais um passo nessa direção, com a criação do Fórum Técnico Paraense de Indicações Geográficas.

O compromisso será firmado pelas secretarias de Estado de Turismo (Setur), de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap) e de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme), entre outras instituições, na próxima sexta-feira (23), às 14 horas, no Hangar – Convenções e Feiras da Amazônia, como parte da programação do 4º Festival Internacional do Cacau e Chocolate da Amazônia.

A criação do Fórum de Indicação Geográfica tem como objetivo atender a um mercado cada vez mais globalizado, agregando valor e credibilidade aos produtos, além de colaborar com a preservação do patrimônio natural e cultural paraense. Inicialmente, o Pará vai trabalhar para a certificação de dois produtos muito apreciados na culinária local: o queijo do Marajó e a farinha de Bragança (município da região nordeste).

Atualmente, a Indicação Geográfica é um dos instrumentos de maior competitividade e desenvolvimento econômico e social. Uma ferramenta coletiva de proteção e promoção comercial de produtos tradicionais vinculados a territórios, que proporciona ao consumidor informações confiáveis sobre a origem e características de determinado produto ou serviço, visando à garantia de proteção do consumidor.

Cadeias produtivas – A Indicação Geográfica de produtos locais vai ao encontro do Programa Pará 2030, que tem o turismo e a gastronomia como uma das suas cadeias produtivas de valor, e também contribui para o fortalecimento do segmento do turismo gastronômico, que favorece o crescimento de empresas ligadas ao setor de alimentação, como pequenos produtores, restaurantes, bares e feiras públicas, gerando novos empregos, renda e melhoria da qualidade de vida para a população local.

De acordo com o secretário de Estado de Turismo, Adenauer Góes, a criação do Fórum faz parte de uma política pública integradora, que fortalece uma estratégia sobre a cultura gastronômica paraense. “A natureza e a cultura são as principais matérias-primas do turismo, e a gastronomia é um elemento único dessa cultura. Esse é um processo que vai desde o campo, o cultivo do produtor rural, até o prato elaborado por um chef de cozinha, para atender não só o cidadão que habita a cidade, mas também aquele que nos visita, que é o turista”, explicou.

Para Álvaro do Espírito Santo, coordenador do Programa Nacional de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur) no Pará e autor de livro sobre a gastronomia local, “a indicação geográfica é uma estratégia importantíssima para a promoção da gastronomia paraense”. Na última edição do festival gastronômico Ver-o-Peso da Cozinha Paraense, realizado em maio passado, ele teve a oportunidade de apresentar o modelo português de confrarias, uma estratégia oriunda da Idade Média, voltada para a defesa de produtos e preservação da cozinha regional. Entre os exemplos de confrarias está a do queijo da Serra da Estrela e da Chanfana, típico da culinária lusitana.

Com doutorado pela Universidade de Coimbra, em Portugal, Álvaro do Espírito Santo cita três aspectos que podem servir de referência para um futuro modelo paraense: o associativismo, a excelência do preparo (estrutura de produção) e a tradição, uma premissa básica do processo. Ele também destaca como afirmação e valorização desse processo o trabalho realizado pela Setur com a Escola de Gastronomia da Amazônia, e do governo do Estado, com a criação do Centro Global de Gastronomia e Biodiversidade da Amazônia. (Colaboração de Liliane Marques).

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