Em seu depoimento, Palocci contou que foi procurado em períodos eleitorais por tesoureiros do partido, que lhe pediam para conversar com empresários colaboradores das campanhas a fim de conseguir mais doações. “Evidentemente, eu pedia recursos das empresas acreditando que elas iriam tratar isso da melhor maneira possível”, ressaltou.
Apesar desses pedidos, o ex-ministro garantiu a Moro que nunca chegou a operar ou a acompanhar o andamento das contribuições de campanha: “Eu não era tesoureiro, não fazia parte da arrecadação, não acompanhava esse tema”.
Acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de ter recebido propina para articular contratos entre a Petrobras e o Grupo Odebrecht, Palocci negou que tenha atuado para beneficiar a empreiteira. Ele também disse desconhecer a quem se refere o apelido “italiano”, que aparece nas planilhas de doações da empresa. O MPF afirma que a alcunha se refere ao próprio ex-ministro.
Apelo
Ao final da audiência, Antonio Palocci pediu permissão para fazer um histórico pessoal de modo a contestar as acusações. Neste momento, o ex-ministro dirigiu a palavra diretamente a Moro: “Sei que o senhor é um juiz extremamente rígido, mas o senhor é um juiz justo. O senhor tem dado uma contribuição ao país na medida em que acelera processos, decide com celeridade, e acho que isso é digno de nota. Agora, acho muito importante que a decisão [sobre o processo] seja em cima de fatos justos”.
O ex-ministro, então, contestou cada uma das acusações do MPF e se colocou à disposição de Moro para apresentar fatos e nomes do interesse da Operação Lava Jato. “Acredito que posso dar um caminho que talvez vá dar um ano de trabalho, mas é um trabalho que faz bem ao Brasil”, afirmou Palocci.
Nesta ação penal, estão sendo processados 15 pessoas, inclusive o ex-presidente da empreteira, Marcelo Odebrecht, e o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Os depoimentos de Palocci e do ex- assessor dele, Branislav Kontic, foram os últimos da oitiva de réus neste processo.
Antonio Palocci está preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba desde setembro do ano passado.
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