Perda muscular pode gerar incapacidade e dependência funcional em idosos

Pesquisa nacional da UNIFESP aponta que condição é pouco conhecida e seus sintomas são confundidos com a fragilidade natural da idade

Autonomia e independência são desejos das pessoas para a velhice. Para aliar longevidade e vitalidade, é preciso cuidar do corpo para que ele se mantenha saudável com o passar do tempo. A saúde dos músculos é fundamental na manutenção da mobilidade e da liberdade em idosos. Negligenciar esse aspecto pode comprometer a qualidade de vida e o bem-estar nessa fase.

A perda muscular (Sarcopenia) é caracterizada pela perda de massa, força e funcionalidade dos músculos, especialmente nos membros superiores e inferiores. É uma condição progressiva e silenciosa, natural do envelhecimento, que acometerá a todos, em maior ou menor medida, ao longo da vida. O problema limita a capacidade de executar atividades cotidianas, além de contribuir para um maior risco de quedas, fraturas e hospitalizações entre idosos, impedindo uma velhice plena e independente.

Uma pesquisa recente realizada pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), em parceria com o laboratório Apsen, buscou identificar como os brasileiros enxergam o envelhecimento e suas expectativas para essa fase da vida. Foram entrevistadas 836 pessoas, entre homens e mulheres, em faixa etária superior aos 35 anos. Em uma pergunta de múltipla escolha, o estudo mostrou que entre as atividades preferidas do grupo entrevistado estão viajar (62%), ir ao cinema ou teatro (55%) e caminhar ou praticar esportes (52%), atividades que ficam sensivelmente limitadas com a perda de mobilidade.

O estudo mostrou ainda que um percentual significativo de pessoas relaciona saúde à felicidade. Quando questionados sobre o que representa alcançar felicidade e bem-estar, ser saudável foi a resposta mais recorrente (40%), seguida de realização pessoal (15%) e fazer coisas ou frequentar lugares que gosta (13%).

“Com o aumento da expectativa de vida e o crescimento da população de idosos, a manutenção da saúde para garantir autonomia nessa fase ganha atenção especial. O cuidado com a saúde óssea é amplamente explorado. No entanto, quando se fala em músculos, as pessoas têm dificuldade em associá-los à mobilidade. É importante tratar ossos e músculos como um conjunto que deve funcionar de maneira integrada em prol da funcionalidade global de locomoção do indivíduo”, afirma Myrian Spinola Najas, nutricionista, diretora do Núcleo de Estudos Clínicos em Sarcopenia (NECS) e professora da Disciplina de Geriatria e Gerontologia da UNIFESP.

Com o avanço da idade, cerca de um terço da massa muscular é perdida, quadro que pode ser agravado pelo sedentarismo e alimentação inadequada. Um ponto positivo apontado pela pesquisa é que a atividade física moderada acompanha o estilo de vida com o passar dos anos. Apenas 22% dos entrevistados se consideram sedentários. Entre os que praticam algum tipo de atividade física, 38% se exercitam de vez em quando, 29% praticam de 2 a 3 vezes na semana e 11% mais de 3 vezes por semana. 

A percepção sobre a perda muscular geralmente é tardia, não ocorre preventivamente: 79% dos entrevistados não notaram diminuição de massa muscular nas coxas e nos braços nos últimos cinco anos. Os sintomas são comumente associados à falta de vitaminas, energia, “cansaço típico da idade”, mas nunca relacionados à condição. A flacidez e as limitações de mobilidade, sinais bastante característicos da perda muscular, também não são comumente relacionados ao problema.

“É comum que as pessoas notem os músculos apenas quando eles aparecem. No entanto, quando começam a desaparecer é preciso estar alerta. Especialmente quando a mobilidade surge como condição de extrema importância, uma vez que está diretamente associada à liberdade, prazer e lazer”, aponta o médico geriatra Dr. João Toniolo Neto, diretor do Núcleo de Estudos Clínicos em Sarcopenia (NECS) e professor da Disciplina de Geriatria e Gerontologia da UNIFESP.

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