Pessoas com Deficiência expõem seus trabalhos no Primeiro Festival das Artes

Jornada de formação da educação inclusiva. Foto: Camila Souza/GOVBA
Teatro, música, artesanato fazem parte da variedade de trabalhos apresentados durante o Primeiro Festival das Artes da Pessoa com Deficiência, realizado na Biblioteca Pública dos Barris. Promovido pelo Centro de Apoio Pedagógico ao Deficiente Visual (CAP), unidade da rede estadual de ensino, o evento reuniu cerca de 100 estudantes cegos e com outras deficiências nesta quarta-feira (13), apresentando suas criações nas distintas linguagens.
Maria Crispina Magalhães é deficiente visual e como musicista e artista plástica é um dos destaques entre os alunos do CAP. Seus quadros estão expostos na entrada da Biblioteca. “A deficiência não limita. A gente tem um talento, tem algo para apresentar, para fazer, para dizer ao outro. Eu nunca imaginei chegar aqui e isso acontecer. Quero dizer para o deficiente que eles não se escondam, que saiam de casa, procure as entidades que fornecem auxílio a cada um e viva, seja feliz, venha colorir a vida com o que sabe fazer ou com o que pode aprender a fazer. Aqui tem pessoas que fazem crochê, artesanato, então vale a pena vir”.

Para os familiares de quem é atendido pelo CAP, a melhora da qualidade de vida do deficiente é acompanhada no dia a dia. Regina Alves é nora de Maria de Lourdes Novaes, deficiente visual. “Depois que dona Lourdes começou a ser acompanhada pelo CAP, ela mudou, melhorou a qualidade de vida. Hoje ela faz artesanato, ensina para a gente em casa a ler em braile, a manter o ambiente mais seguro para ela mesma. A gente também aprende a lidar melhor com as necessidades dela. Isso tudo é resultado do trabalho do CAP, desde a questão emocional. A gente viu aqui hoje peças que ela produziu, conheceu amigos dela, isso é muito significativo”.

Iracema Vilaronga é atriz do Teatro Vila Velha e deficiente visual. Ela apresentou uma cena durante o evento. “Tem um toque de especialidade apresentar para este público porque eu sou deficiente visual. Apresentar para as pessoas que têm a mesma limitação que eu é muito mais, para eles, do que assistir uma cena, uma peça. É descobrir em si mesmos também as possibilidades que estão no mundo. Além do aprendizado, tem essa coisa de romper barreiras”.

Os trabalhos foram produzidos por cerca de cem alunos do CAP. Aproximadamente 400 pessoas com deficiência são atendidas pelo órgão, que conta com 50 professores. Segundo o diretor do Centro de Apoio Pedagógico ao Deficiente Visual, Rivelto Carvalho, o Festival das Artes é realizado a partir dos projetos estruturantes da Secretaria de Educação do Estado. “A gente traz esse festival para Biblioteca Central dos Barris, que é nossa parceira junto com o Instituto Anísio Teixeira, para dar uma oportunidade aos alunos de manifestarem toda a forma de arte, porque acreditamos que a pessoa com deficiência tem várias formas de linguagem para ser inserida na sociedade”.

Rivelto explica que, para além da arte espontânea, existe a arte dentro do processo de escolarização. “A gente não pode pensar numa matriz de formação integral sem utilizar as diversas formas de linguagem e, dentro delas, a cultura e a arte. Nossos professores, de uma forma transversal, usam dessas possibilidades metodológicas. O ganho é um processo de formação mais completo. O festival apresenta os trabalhos de cerca de 100 alunos diretamente envolvidos com a arte, e faz parte da Primeira Jornada da Educação Inclusiva”.

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