MG: Reunião da Unesco sobre Pampulha será retomada no domingo, diz FMC

Igreja da Pampulha (Foto: Miguel Aun/Belotur)

Belo Horizonte (MG) – A Fundação Municipal de Cultura (FMC) informou, no início da tarde deste sábado (16), que a reunião da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) em Istambul, na Turquia, que avaliará a candidatura do Conjunto Arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte, a Patrimônio da Humanidade será retomada neste domingo (17). O encontro deste sábado (16) foi suspenso por causa da tensão na Turquia.

A tentativa de golpe de Estado conduzida durante a noite de sexta-feira (15) na Turquia fez 161 mortos e 1.440 feridos, sem contar os golpistas, declarou o primeiro-ministro Binali Yildirim. Entre as vítimas estão civis, policiais e militares que apoiam o governo. O golpe foi conduzido por militares contrários ao presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan.

O ministro da Cultura, Marcelo Calero, representantes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e da Prefeitura de Belo Horizonte fazem parte da comitiva brasileira que viajou a Istambul para acompanhar a reunião.

A diretora da FMC Luciana Féres contou que, após uma noite de apreensão, a situação está mais calma neste sábado. Segundo ela, a impressão é que, agora, atividades cotidianas começam a ser retomadas.

“A situação estava bastante tensa e nós escutamos aviões militares, que deram rasantes na cidade durante a noite toda. Uma noite realmente de muita tensão, mas hoje está tudo mais calmo, mais tranquilo, e o clima está melhor”, afirmou Luciana.

Segundo a FMC, representantes da fundação que estão na Turquia foram informados sobre a remarcação da reunião pela Unesco. A previsão é que o encontro comece às 3h (horário de Brasília). Às 15h, a assessoria da Unesco informou que ainda não tinha confirmação sobre a realização da reunião.

Patrimônio
A avaliação da candidatura brasileira havia sido marcada para sexta e depois transferida para este sábado. Criado na década de 40 para ser um centro de lazer e turismo, o Conjunto Arquitetônico da Pampulha reúne quatro prédios de formas arredondadas, linhas simples e cores claras que simbolizam o estilo modernista imortalizado pelo arquiteto Oscar Niemeyer.

Museu de Arte da Pampulha (Cassino)
O prédio foi criado para se tornar uma casa de jogos comparável ao Cassino da Urca, no Rio de Janeiro, e ao Palácio Quitandinha, em Petrópolis. O Cassino da Pampulha, em Belo Horizonte, foi o primeiro projeto do Conjunto Arquitetônico idealizado por Oscar Niemeyer a ficar pronto. Também conhecido como “Palácio de Cristal”, por causa dos vidros espelhados que cercam o prédio, o espaço foi inaugurado em 1943.

Os jardins que circundam o prédio foram feitos pelo paisagista Roberto Burle Marx. Estátuas de Alfredo Ceschiatti, August Zamoiski e José Pedrosa também foram incorporadas ao local.

O espaço funcionou como cassino até 1946 quando o jogo foi proibido no Brasil. Ele entrou em um período de decadência até 1957, ano em que foi transformado no Museu de Arte da Pampulha (MAP). Hoje ele abriga um acervo com cerca de 1,4 mil obras.

Casa do Baile
Hoje Centro de Referência de Urbanismo, Arquitetura e do Design, a Casa do Baile, foi criada para divertir os moradores de Belo Horizonte com shows e jantares dançantes. Localizada em uma ilha artificial e ligada à orla por uma ponte de concreto, o prédio foi inaugurado em 1943. Na época, o local era ponto de encontro da alta sociedade já que os preços cobrados no local estavam longe de serem populares.

Igreja de São Francisco
As curvas da Igrejinha, como é chamada, emoldurada com azulejos de Cândido Portinari e enfeitada pelos jardins de Burle Marx, não agradaram a Igreja Católica por ser considerada “moderna demais” pela Cúria Metropolitana. O local foi o último do Conjunto Arquitetônico a ser concluído.

O prédio permaneceu proibido ao culto por 14 anos, sofrendo com a má conservação. Ela só saiu do ostracismo quando o então papa João XXIII manifestou interesse em expor no Vaticano a via sacra de Portinari, registrada na Igrejinha.

Iate Tênis Clube
Inaugurado em 1943, o Iate Tênis Clube foi criado para ser um espaço de esportes e lazer. Sua sede, com formato de barco, “avança” sobre o espelho da Lagoa da Pampulha. O local ganhou painéis de Cândido Portinari e do paisagista Burle Marx. O clube era público, gerenciado na época pela Prefeitura de Belo Horizonte, se tornando um dos ambientes preferidos por atletas amadores e famílias. O Iate chegou a ser sede de um clube de regatas. O remo, o esqui e a pescaria eram atividades comuns.

Na década de 60, a prefeitura precisava de recursos para financiar obras de abastecimento na cidade e resolveu vender alguns imóveis. Um deles foi o Iate Tênis Clube. O local sofreu algumas modificações ao longo dos anos, mas a mais drástica foi a construção de um prédio anexo.

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