Teatro Margarida Schivasappa completa 31 anos de fomento à cultura do Estado

Nesta segunda-feira, 26, o Teatro Margarida Schivasappa, da Fundação Cultural do Pará (FCP), comemora 31 anos de fundação. O espaço, localizado no prédio do Centur, na Avenida Gentil Bittencourt, é fundamental para a difusão da cultura paraense, contribuindo também para a inserção no mercado de novos artistas e produtores locais.

Com o nome inspirado na professora Margarida Schivasappa, o teatro tem 505 assentos, com 481 lugares na plateia, 28 camarotes e 30 lugares no mezanino destinados aos cadeirantes e quatro poltronas para demais portadores de necessidades especiais.

Segundo a coordenadora do teatro, Claudia Pinheiro, o palco do Schivasappa dialoga com todas as linguagens. “Dentro da caixa cênica se tem uma excelente visão de qualquer lugar da plateia. Converso com muitos artistas e produtores que têm nos procurado justamente pela acústica, a agradabilidade de estar na casa”, afirma.

Atualmente, o teatro recebe cerca de 20 atividades culturais por mês, como shows musicais, espetáculos de teatro e dança. “Nós temos eventos específicos que atendem artistas locais por meio do Edital Pauta Livre da FCP. Nesse dia o teatro acolhe o artista e dá visibilidade”, ressalta.

Edital Pauta Livre

O artista Reginaldo Viana foi um dos contemplados no certame oferecido pela FCP na edição do ano passado e apresentou seu espetáculo “Radiofônico” no palco do Margarida Schivasappa, em novembro.

O espetáculo valorizou as músicas dos anos 80 e 90, como baladas, rock e bregas, que estão no inconsciente coletivo do público, com arranjos contemporâneos, misturando teatro e música.

O artista, que já se apresentou mais de 10 vezes no teatro, elogia o espaço, considerado referência por ele. “O Margarida oferece condições para explorar as artes cênicas. Tem uma estrutura maravilhosa que faz o espetáculo ficar mais rico quando vamos apresentar. É uma estrutura com grande liberdade, nos sentimos perto do público e vice-versa”, elogia.

Público fiel

A produtora cultural Léa Moreno começou a frequentar o Margarida Schivasappa na década de 80, logo após sua inauguração, tanto como público quanto como produtora cultural. O que mais atrai a produtora são os espetáculos nacionais ou locais com boas fichas técnicas, bem produzidos e dirigidos, entre outros aspectos.

Para ela, o teatro sempre foi e continua sendo um espaço dinamizador na área cultural, capaz de reunir vários segmentos, como o teatro, a música, a dança e outras expressões artísticas. “A ampla convivência democrática privilegia seus conteúdos, sempre visando o objetivo de proporcionar ao público seu compromisso com o desenvolvimento cultural da cidade”, comenta.

Léa Moreno afirma também que o Margarida Schivasappa tem uma ótima estrutura operacional e compatível para a realização dos eventos, com sala de espetáculos confortável para o público e equipamentos técnicos modernos. “As necessidades das produções e dos artistas são atendidas. O teatro conta com uma boa equipe técnica, bastante especializada em suas diversas funções, se equiparando aos melhores teatros modernos do país”, finaliza.

Quem também se faz presente com frequência no teatro é o fotógrafo Manoel Pantoja, de 61 anos. Ele, assim como Léa Moreno, também vai ao espaço desde sua inauguração. Por trabalhar com foto e vídeo, sempre gostou de teatro e centros que apresentam arte de um modo geral. “É um local que indico por ter um aconchego para todos. Tenho um bom relacionamento com o pessoal do Margarida”, afirma.

Em uma das atividades promovidas pela administração do teatro, entre oficinas e workshops, Manoel Pantoja já teve a oportunidade de conhecer as estruturas de perto. “É uma estrutura muito boa. O considero como o melhor palco de teatro aqui de Belém. É um teatro projetado que tem dimensões boas para qualquer espetáculo. É de grande importância para a arte, sendo referência”, avalia.

Amor pelo teatro

Elias Hosana, de 62 anos, trabalha desde a inauguração do Margarida Schivasappa como porteiro e o considera como sua segunda casa. Entre espetáculos e shows, Elias manteve contato com inúmeros artistas, como Ari Toledo e Lia Sophia. “Por aqui passam espetáculos muito bons. Temos a oportunidade de conversar um pouco com os artistas e acabamos nos identificando”, revela.

Para o funcionário da FCP, receber o público e ver que saíram satisfeitos do teatro não tem preço. “É uma maravilha receber o público, o pessoal entra e sai feliz. Esta casa é ótima para todo mundo, sem falar da estrutura sensacional. Todo artista que vem aqui acha lindo”, afirma.

Elias também comenta sobre sua identificação pela profissão. “Eu gosto muito daqui. É um trabalho de muitos anos que faço com maior prazer. Já fiz muitas amizades, até o público me conhece. As pessoas que frequentam aqui voltam sempre, pois tem um clima muito bom”, finaliza.

Margarida Schivasappa

Afinal, quem foi Margarida Schivasappa? Foi essa curiosidade que levou o pesquisador e escritor Antônio Pantoja, de 65 anos, a escrever a biografia “Margarida Schivasappa – a primeira dama do teatro paraense”, lançada em 2015.

Além de diretora de teatro, Margarida Schivasappa foi carnavalesca e até professora de canto e coral, onde está o seu mais importante trabalho depois do teatro. “Ela foi uma de nossas mais notáveis mestras, uma das responsáveis pela formação cultural da juventude de sua época, dada a importância de seu trabalho desenvolvido junto aos estudantes com o seu Teatro de Estudantes do Pará”, afirma Antônio Pantoja.

Para o pesquisador, o nome do teatro faz justiça ao simbolismo de Margarida Schivasappa, que desde a década de 40 era a figura mais importante do teatro paraense, levando o nome do estado para além das fronteiras. “O legado da professora foi algo muito importante, pois percebemos que na história cultural do Pará ela teve seu nome registrado. Foi uma pessoa que deixou uma contribuição muito grande”, afirma.

Segundo ele, Margarida Schivasappa participou de vários encontros de teatro de estudantes no Brasil inteiro e despertou a admiração e o respeito de um dos maiores diretores nacionais, Pascoal Carlos Magno.

Antônio Pantoja revela, ainda, a dificuldade de Margarida Schivasappa desenvolver seu trabalho no Teatro de Estudantes do Pará, pois não havia locais para ensaio. A solução era ensaiar no coreto localizado atrás do Theatro da Paz, usado por muitos anos por Albertinho Bastos. “Na marcação da cena ela utilizava caixotes que buscavam na feira do Ver-O-Peso. Era aquilo que era a mobília dos ensaios. Ela tinha uma dedicação e uma entrega muito grande ao teatro paraense”, finaliza.

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