OPINIÃO | Bancada do DF no Senado é aposta do PT para Dilma voltar ao Planalto

Por Ricardo Callado


A bancada do Distrito Federal no Senado virou a tábua de salvação do PT. O partido aposta que pode convencer os senadores brasilienses a derrubar o impeachment de Dilma Rousseff. E, assim permitir o seu retorno ao Palácio do Planalto e de todo o grupo do PT que comanda o país há 13 anos.

Cristovam Buarque (PPS), Hélio José (PMDB) e José Antônio Reguffe (sem partido) são os alvos dos petistas. No trio, apostam suas fichas. E acalentam sonhos.

Dos três, o único que titubeia é Cristovam Buarque. O discurso que vem fazendo é dúbio. Não é de fácil compreensão. E é isso que dá esperança ao PT e a Dilma. Um portal ligado ao PT divulgou com destaque que o ex-governador do DF é voto decisivo no processo.

Cristovam também vem servindo de caixa de ressonância do projeto petista de novas eleições este ano. O senador, hoje no PPS, tem sua origem no petismo. Foi pelo partido se elegeu governador de Brasília. E onde mantém boas relações com lideranças do PT.

Também é curioso que as mais contundentes humilhações que sofreu em sua vida política partiram do PT. Quando foi ministro da Educação no primeiro governo Lula, sua demissão foi feita por telefone. Mas teve outras.

Enquanto é assediado pelo PT, militantes do partido o perseguem país a fora protestando por sua posição na votação de admissibilidade do processo de impeachment.

A mais recente humilhação aconteceu no Ceará. Em Fortaleza, ele não conseguiu proferir a palestra para a qual estava inscrito por causa do protesto de petistas.

Para complicar mais ainda, deu nova declaração dúbia sobre sua posição. Cristovam explicou que “apenas” votou pela admissibilidade do processo, e que não tem ainda posição tomada sobre o impeachment. Não precisa ser um bom entendedor. O sonho petista reside na indecisão do senador.

Se Cristovam Buarque mudar seu voto, a presidente afastada Dilma Rousseff precisará de apenas mais um voto no Senado para reverter a situação e voltar ao poder.

O senador encerra o seu mandato em 2018. Ele tentará ficar no Senado, onde está desde 2002. Já tem hoje o mais longo mandato de senador pelo Distrito Federal. Vai completar 16 anos no cargo. Se foi reeleito pela terceira vez, pode ficar por 24 anos.

Só para comparação, é quase o dobro do tempo do que Joaquim Roriz exerceu no cargo de governador do Distrito Federal. Roriz ficou no Palácio do Buriti por 13 anos, em mandatos alternados.

Se Cristovam está perto do PT, Reguffe e Hélio José irão manter a coerência inicial. Não devem voltar a atrás.

Reguffe manterá a sua posição de independência a tudo e a todos. Vai agir de acordo com a sua consciência e os anseios da sociedade. E manterá a sua coerência, que sempre foi marca de seus mandatos, desde a Câmara Legislativa.

Hélio José está hoje no PMDB. É aliado do presidente interino Michel Temer. A sua origem petista é o que faz o PT sonhar em reverter a sua posição e colocar novamente Dilma no Planalto.

Além de afirmar que manterá fidelidade ao PMDB e a Temer, Hélio José está trabalhando muito para renovar o mandato de senador em 2018. Não vai mudar o seu voto.

Se conseguir atrair Cristovam, o PT vai ter que buscar o segundo voto que precisa em outra bancada. Talvez algum senador que esteja disposto a encerrar a sua carreira política, assim como o brasiliense. No Distrito Federal, não conseguirá.

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