OPINIÃO | Eleição na Câmara é a mais disputada e surpreendente da história

Por Ricardo Callado


A quatro dias da sessão que vai eleger a nova Mesa Diretora da Câmara Legislativa do Distrito Federal, ninguém aposta num vencedor. A disputa é a mais surpreende de toda a história da Casa. Até quinta-feira, muitas reuniões irão acontecer.

Pela primeira vez, os grupos governistas e de oposição estão rachados. O PT, que faz oposição de cozinha ao governo, vai apoiar o governo e a candidatura de Agaciel Maia (PR).

A oposição, onde alguns já foram quarto e sala do Buriti, parece que bate cabeça em apresentar oficialmente seu candidato. Mas a estrategia é amarrar todas as pontas.

E o grupo dos cinco, formado por PDT, PV e Rede, abre uma dissidência na base governista e mantém a candidatura de Joe Valle (PDT).

Oficialmente, apenas Agaciel e Joe são candidatos. A candidatura de Sandra Faraj (Solidariedade) corre por fora e se articula no bastidor. Enquanto o nome de Wellington Luiz (PMDB) é falado em reuniões e ganha corpo.

Esse quadro vem se arrastando nos últimos dias. A ida do PT para o governo, pelo menos nessa disputa, já era esperada. O nome de Ricardo Vale como vice de Agaciel era dado como certo há pelo menos 15 dias. Mas no próprio PT, não existe consenso. É mais uma decisão partidária, que individual dos integrantes da bancada.

A eleição para Presidência da Câmara deve deixar sequelas. O Buriti pode ter mexida em sua base de apoio. Na dança das cadeiras, pode perder o apoio do PDT e ganhar do PT. Esse jogo de perde e ganha deve se arrastar até 2018.

É preciso analisar como seria a presidência de cada um dos candidatos. E como ficará a imagem da Câmara. O segundo biênio de cada legislatura é sempre o mais delicado devido à proximidade das eleições. É onde começa a se desenhar onde cada ator político estará.

O governo teme perder a disputa e ter um Legislativo independente demais, que não faça os seus gostos e vontades. O Legislativo precisa recuperar a imagem e sair das cordas. Os seus integrantes são candidatos em 2018 e se a Câmara continuar sob o tiroteio, terão dificuldades em renovar os mandatos.

A ingerência indevida prejudica não só aos parlamentares, mas seus eleitores. E harmonia entre poderes. Os últimos dois anos são a prova disso. Deputados não podem abrir mão de seu mandato que conseguiram graças a quem lhe confiou o voto.

Não há outra saída senão a busca pelo resgate da Casa.

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