Artigo | A pós-verdade e o 4º poder

Por JB Carvalho


A elite progressista continua aprimorando suas técnicas de falsificação dos fatos e reedição histórica. Como pretensos donos do cartel da verdade, acadêmicos e setores da mídia cunharam o termo pós-verdade – “post-truth”, para resumir os últimos acontecimentos no mundo, como a eleição de Donald Trump e a vitória do referendo do Brexit no Reino Unido.

Ostentando serem os defensores da verdade, se utilizam da distopia orwerliana, numa estratégia de reengenharia verbal. Para esses detentores do monopólio da virtude, vivemos num período histórico onde “fatos objetivos têm menos importância do que crenças pessoais”. Essa seria a premissa da pós-verdade.

Porém, quanto a isso quero deixar registradas duas coisas:

Em primeiro lugar, que caso fosse constatado que “fatos objetivos têm menos importância do que crenças pessoais”, isso se tornaria uma autodenuncia aos mesmos agentes que usaram uma anterior estratégia de relativizar a verdade e os valores ocidentais por uma pregação de autonomia radical.

Em um passado bem recente, os mesmos que agora criticam a ideia de verdade pessoal, sustentavam que a verdade não existe, não pode ser conhecida, e se trata de mera convenção social. Esse é um dos principais valores do que chamamos hoje de pós-modernismo.

A relativização da moralidade tradicional e a destruição da base dos valores judaico-cristãos da sociedade sempre foram a pauta desses grupos organizados que agora em tom de denúncia invocam um novo zeitgeist, (espírito de um tempo) para redefinir os termos do embate dos próximos anos de ascensão conservadora no mundo.

Esses engenheiros sociais pretendem manufaturar, editar, empacotar a realidade e vendê-la em seus noticiários como opção única de ideias, do tipo: deixe-nos pensar por você. Os fatos porem divergem de seus vieses e viseiras, já que não conseguem se manter sólidos diante de uma análise mais profunda.

Nós vemos um padrão nessa estratégia de criar um novo problema e trazer uma solução que garanta que estamos do lado certo da história. O que foi dito pelos tios desse movimento que já tem sua paternalidade garantida pelo teste de DNA: a mentira, pode esclarecer seu modus operandi.

“Acuse os adversários do que você faz, chame-os do que você é”. Vladimir Lênin

“A principal premissa para a tática é o desenvolvimento de operações que irão manter uma pressão constante sobre a oposição”. Saul Alinsky, Regras para radicais: A Décima Regra.

Em segundo lugar, surge um sofisma ainda pior, que é a ideia da mídia e de setores acadêmicos progressistas de que cabe a eles a responsabilidade de supervisionar e pautar as notícias através da regulação nas redes sociais.

Para eles, as pessoas deveriam enxergar o mundo através das suas lentes. Há décadas que aprendizes e estagiários doutrinados tomaram o poder nas redações e editoriais em um movimento mundial sincronizado.

Eles foram discipulados pelos ideários marxistas e propõe uma nova ordem no mundo em substituição da ordem judaico-cristã. Assim, diante do advento do trumpismo popularizaram a pós-verdade. Mas, me diga quando o mundo foi orientado pela verdade dos fatos? Isso não se parece com a retórica dos sofistas? O fato é que as redações de jornal não querem saber dos fatos, mas da agenda política, ideológica, econômica que querem levar adiante.

Nossa civilização outrora científica que construiu a independência editorial passa agora pelo seu crepúsculo. O sol parece se pôr no ocidente e há algumas perguntas sem respostas. A que interesses respondem os editores e redatores de semanários e telejornais? No que acreditam e no que querem nos fazer acreditar? Qual a sua agenda política? Esse neologismo a que chamam pós-verdade é senão um velho logismo, denunciado a muito, por aquele que se autodefiniu como a Verdade e que disse aos então guardiões dos oráculos sagrados e monitoradores das pessoas, os fariseus e saduceus, escribas e doutores da lei, que eles eram filhos do diabo por terem aprendido com ele, o pai da mentira, a arte de falsificar os fatos.

O que chamamos hoje de establishment é a ordem vigente que procura enviesar as pessoas pela sua visão particular de mundo, a fim de moldar a opinião publica em direção as suas crenças e ideologias.

Observe bem as manchetes da grande mídia e veja se são realmente imparciais e isentas profissionalmente. Nesses últimos dias ficou mais do que evidente a torcida organizada dos jornalistas na cobertura das eleições municipais de 2016 no Brasil e nas eleições nos EUA. Quando na América ficou evidente que seus vaticínios não se cumpriram e descobriram que as pessoas não acreditavam mais em seus enunciados, eles se enfureceram e partiram para um jogo ainda mais rasteiro.

O jornalista Alexandre Garcia comentando sobre o equívoco da cobertura midiática nas eleições americanas afirmou que os jornalistas devem ter pensado: “como o povo americano ousou nos desobedecer… como o povo americano ousou abandonar a nossa tentativa de pensarmos por eles?”.

A narrativa da pós-verdade e do estigma de que todas as mídias independentes não são confiáveis ou disseminadoras de mentiras é uma reação a uma constatação muito importante desse momento histórico pelo qual passamos e somos testemunhas: O quarto poder caiu sendo substituído agora pela internet. Mas, o império da comunicação resiste em declinar e com uma lógica fascista culpou a política de usuários do Facebook de permitir a divulgação de mentiras e boatos na campanha eleitoral americana, e propôs uma insurreição contra as mídias sociais mediante a criação de uma equipe de editores para avaliar e classificar os conteúdos, a partir da sua própria agenda.

Eles querem retomar o controle dado às pessoas pelos blogs, youtube, mídias sociais, etc. A imprensa está desesperada para manter o seu controle, sua influência e seu poder que está vendo a escorregar como areia de suas mãos.

É verdade que redes sociais podem potencializar mentiras e paranóias, mas se as pessoas mentem em seus facebooks e twitters, elas também mentem em redações de jornais e canais de TV.

A liberdade de expressão nasceu sob o espírito de que se a verdade é realmente mais poderosa que a mentira, deixe que elas se enfrentem e veja quem vai levar a melhor. Foi isso que propôs o poeta John Milton na Inglaterra do século XVII, nos dias em que era elaborada a Confissão de Westminster. Para ele é melhor deixar que os idiotas tenham voz do que censurar a informação.

Esse é o principio que nos deu a permissão de expressar nossas opiniões numa sociedade com maioria cristã. Hoje o Google, twitter e facebook já se articulam para dar sobrevida ao Leviatã e muitos sites estão sendo qualificados como fontes de informações falsas, o que já é em si, uma notícia falsa. O establishment está se articulando para voltar a ser o quarto poder tirando das pessoas comuns o acesso as várias versões da mesma história.

Nos próximos capítulos dessa história podemos ser figurantes ou protagonistas. Escolha o seu papel.


JB Carvalho é bispo da Igreja Comunidade das Nações

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