Brasil quer fim da república dos Batista

O Estado brasileiro vive sob a suspeita, fundada, de ter sido capturado, em seu conjunto, pelo crime organizado. Não se trata, como muitos pensam, só do Poder Legislativo.
Este, por ser o mais aberto e transparente, é o que mais se expõe, mas está longe de ser o único infectado. Na verdade, todos o foram —e exercem forte protagonismo na crise.
O áudio de Joesley Batista, repugnante, um circo de horrores, é (não a única) prova disso. Expõe métodos com que agia nas três esferas do Poder, comprando apoios, obstruindo a Justiça, impondo interesses que passam ao largo do bem comum.
Temos visto sucessivos depoimentos de agentes públicos e privados descrevendo o mesmo cenário abjeto: a relação incestuosa entre o público e o privado, sob os auspícios do contribuinte. Tudo numa sequência vertiginosa que leva o cidadão comum, já sem referências institucionais, a quase desistir do Brasil.
A corrupção é crime hediondo —e nocauteou o país. Contemplado com um acordo de delação privilegiado, que o isentou de qualquer punição, Joesley admite assim mesmo que não contou tudo.
“Se fiz 30 traquinagens, conto apenas 20”, diz, com a arrogância de quem se sente de posse do país.
Escarnece da lei, das instituições e das autoridades dos três Poderes. Cita o então procurador Marcello Miller como colaborador e parceiro de sua delação —o mesmo que deixaria a PGR para advogar para a própria JBS.
Com um gravador no bolso, bilhões nos cofres e nenhum senso moral, diz como planeja continuar a destruir a República. Não lhe faltam coadjuvantes. Na sua delação, disse ter comprado mais de 1.200 políticos em todo o país, em todos os partidos.
O fenômeno Joesley não brotou aleatoriamente.
É fruto de ação planejada da organização criminosa petista (a expressão é do ministro Celso de Mello, do STF), que Janot agora, enfim, denuncia, e que chegou ao poder com Lula. Produziu empresários amestrados, como os irmãos Batista e Eike Batista, para gerar um caixa paralelo aos integrantes do poder, servindo-se do aparelho estatal.
O país quer saber como os irmãos Batista, que possuíam um pequeno frigorífico no interior de Goiás, tiveram, no governo Lula, acesso a R$ 45 bilhões do BNDES —e, em tempo recorde, tornaram-se os maiores produtores mundiais de proteína animal. Pior: tornaram-se condestáveis da República.
A política é uma atividade nobre —a mais nobre de todas, segundo Aristóteles. Surge como alternativa à guerra, meio civilizado de dirimir os conflitos do convívio humano.
Se deixou de fazer jus à sua origem, a culpa não é dela, mas de distorções da conduta humana.
O advento das ideologias, sobretudo das ideologias de massa —comunismo, socialismo, nazismo, fascismo—, conspurcou a política e a desviou de sua finalidade original, de instrumento pacificador, para torná-la fundamento da ação revolucionária, que postula refundar a sociedade, destruindo-a.
A corrupção sistêmica, instalada na era PT, moveu-se com o propósito de promover a revolução socialista bolivariana no continente. Para tanto, associou-se a empresários e agentes públicos inescrupulosos.
Essa aliança levou as instituições do Estado a um desgaste moral sem precedentes, em que a ruína econômica é só um dos subprodutos. Mais difícil que reconstruir a economia é refazer a credibilidade institucional. É preciso dar o primeiro passo.
Justiça e transparência são as palavras-chaves. O país não suporta mais a “república” dos Batista. Precisa refundá-la, em novas e mais sadias bases morais, se não quiser vê-la sair pelo ralo.
Artigo: Senador Ronaldo Caiado

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