Com apoio da Agraer, Agosto Lilás leva informação de combate a violência contra mulher no campo

Para levar à informação as agricultoras familiares, quanto aos seus direitos enquanto mulheres e trabalhadoras do campo, a Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) mobilizou, na quinta-feira (17.8), as famílias agrícolas do assentamento Sete de Setembro, município de Terenos, para a palestra da Campanha Agosto Lilás, encabeçada pela subsecretária de Políticas Públicas para Mulheres, órgão vinculado a Secretaria de Estado de Cidadania e Cultura (SECC).

A palestra teve como foco principal alertar as famílias agrícolas sobre a existência da Lei Maria da Penha, criada para o combate à violência contra mulher, que classifica os crimes de violência doméstica e familiar contra o público feminino em cinco categorias: física, doméstica, sexual, psicológica, patrimonial e moral.

“Estamos aqui para falar da campanha ‘Agosto Lilás’, pois temos altos índices de ocorrências de violências contra a mulher. Os dados mais recentes que temos são de que foram quase 10 mil ocorrências, sendo 9.620 mulheres que foram registrar queixa. Tivemos 13 tentativas de feminicídio no interior e quatro na Capital”, alertou a subsecretária de Políticas Públicas para Mulheres, Luciana Azambuja.

Luciana Azambuja: é preciso levar a informação também às mulheres do interior do Estado

De acordo com Luciana, muitas mulheres ainda não conhecem os seus direitos, daí a necessidade das ações do Agosto Lilás. “Por não ter consciência da violência muitas mulheres não fazem a denúncia.

O interior do Estado precisa de políticas públicas que divulguem a Lei Maria da Penha e que atendam essas mulheres. Atualmente, estamos com parcerias em 55 cidades pelo Estado e queremos chegar às outras 24”, afirmou.

Uma das poucas mulheres que ocupa o principal cargo de uma associação de assentamento no Estado, a pequena produtora Eucília Conegundes, presidente da Associação de Agricultores e Agricultoras do Assentamento Sete de Setembro, ressaltou a importância da passagem da caravana do Agosto Lilás. “Muitas mulheres têm vergonha de denunciar e outras se sentem insegura por não sentir o apoio da sociedade em seu pedido de socorro. Aqui é um espaço para conversar e tirar as dúvidas. As mulheres que passaram por aqui poderão repassar as informações para as vizinhas”, disse.

A reunião não se restringiu apenas ao público feminino, muitos agricultores familiares também acompanharam a reunião e, em seguida, fizeram uso dos atendimentos do ônibus itinerante da Subsecretaria, como a aferição de pressão. “Acho válida a ação pela informação. Já vi muitas vezes casos de brigas e a solução foi separar. Um dos casos foi até dentro da minha família mesmo. Tenho filhas e netas, e como pai e avô, penso que ninguém quer ver uma filha ou neta sofrendo na mão de ninguém”, afirmou o agricultor Telson Martinez.

Os assentados acompanharam atentamente a palestra sobre a Lei Maria da Penha

A agricultora Késsia Nascimento foi uma das que participou da roda de conversa e aproveitou para desabafar. “Eu escuto os barulhos em casa. A vizinhança já chamou a polícia, mas a mulher não tem coragem de afirmar a polícia que é ele. Não sei se por medo ou por saber da impunidade”, afirmou a produtora.

“Vir aqui apenas para falar e deixa-las não resolve. É por isso que trouxemos o prefeito e a primeira-dama para o evento. A gente quer articular com o município para termos alguma entidade que possa nos auxiliar aqui. Essas mulheres em violência precisam se sentir amparadas ou não irão pedir socorro. Os casos precisam ser acompanhados de perto e, também, é necessária uma capacitação com servidores da prefeitura e polícia militar que atenderão as vítimas”, argumentou Azambuja.

Para o diretor-presidente da Agraer, Enelvo Felini, a redução da violência em ambiente rural é de interesse de todos os órgãos que prestam atendimento à agricultura familiar. “Por determinação do governador Reinaldo Azambuja é que houve essa aproximação entre os dois órgãos. A Agraer tem essa capacidade de mobilização e a subsecretária tem o conhecimento. Se reduzir a violência, temos um ambiente com maior qualidade de vida e isso reflete também na produção”, alegou.

Agosto Lilás

Este ano a campanha foi inserida no calendário oficial do Estado – o projeto de lei foi aprovado por unanimidade, e o governador Reinaldo Azambuja sancionou a Lei n° 4.969/2016.

A campanha conta com ações de mobilização, palestras, encontros e debates. O mês é escolhido em alusão a Lei Maria da Penha que, no dia 7 de agosto, completou 11 anos. “No campo, se a gente não tiver a Agraer a gente não tem como chegar a esses assentamentos, porque não sabemos a localização exata como os técnicos da Agraer sabem. Também, queremos ver, com a Agência, como a agricultura familiar pode ajudar essa mulher a sair do ambiente de violência”, disse Luciana Azambuja, que concluiu: “Todos nós podemos e merecemos viver em um ambiente sem violência”.

Esteve presente na reunião o coordenador regional da Agraer de Campo Grande, Silvio Vargas, o prefeito de Terenos, Donizete Barraco, e a primeira-dama Dirce Gonçalves, a agricultora familiar Lucilha Almeida, o coordenador municipal da Agraer de Terenos, Valdecir Alves.

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