Os Estados Unidos querem a ajuda chinesa, país que é um dos poucos financiadores do governo coreano – para barrar os planos de armamento nuclear. Donald Trump disse que o encontro seria difícil, e a China informou dias atrás que a reunião entre os dois presidentes seria prioridade para Pequim.
Entretanto, interlocutores, imprensa e analistas veem a relação chinesa com a Coreia do Norte como um ponto extremamente complexo. Os Estados Unidos querem que a China pressione o líder norte-coreano, Kim Jong-un, a abandonar o programa nuclear. No Twitter e em entrevistas locais, Trump disse que se a “China não resolver” a questão, os Estados Unidos vão agir.
Na terça-feira (4), Trump afirmou, em entrevista, que a China tem grande influência sobre a Coreia do Norte. “Se a China decidir ajudar [a dissuadir os planos nucleares norte-coreanos], vai ser bom para a China, do contrário não será bom para ninguém”.
A reunião é considerada o maior teste diplomático para Trump até agora. O discurso do presidente norte-americano fora dos bastidores é de pressão sobre a China, mas o governo chinês tem usado a retórica da paciência até o momento.
Ontem (5), após o anúncio de que a Coreia do Norte havia testado outro míssil de médio alcance, o porta-voz da chancelaria chinesa, Hua Chunying, afirmou que as duas partes deveriam ter cuidado para não fazer algo que possa criar tensões”.
Até agora, o governo chinês não sinalizou que pretende retirar o financiamento aos norte-coreanos. Pequim defende que as sanções da Organização das Nações Unidas (ONU) contra o país devem ser cumpridas, mas que a saída deve ser negociada entre todas as partes.
Clima e comércio
Mais dois temas são importantes para os dois países: o comércio e as mudanças climáticas. Os Estados Unidos e a China são os dois maiores emissores de gases de efeito estufa no mundo e foram os que mais demoraram a se comprometer com ajustes para o acordo global sobre o clima, assinado em 2015 em Paris.
Donald Trump assinou uma ordem executiva em que desfez o Plano Energia Limpa, com medidas deixadas pelo seu antecessor Barack Obama, que estabelecia o compromisso de diminuir as emissões. Trump retirou todos os entraves legais para a produção de energia e, na prática, abandonou o compromisso global.
A China comentou a decisão de Trump e pediu cautela porque os dois países tiveram muitas dificuldades para fazer ajustes sobre o tema. As decisões causam impacto no futuro mundial.
No campo comercial, Trump iniciou uma fase protecionista, com propostas para desfazer pactos comerciais e fortalecer a indústria nacional. Durante a campanha, ele disse que vários acordos globais estavam prejudicando o país, entre eles as relações comerciais em bloco que envolviam a China e outros parceiros.
Trump se queixa do déficit comercial dos Estados Unidos com a China e da perda de empregos pelos norte-americanos devido às importações de produtos chineses.
Por isso, Xi Jinping deve procurar se aproximar pessoalmente de Trump. Uma situação conflituosa entre os dois países e uma postura radical do presidente norte-americano poderia ter impacto negativo sobre a economia chinesa e desacelar a indústria do país.
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