Secretaria de Saúde tem 310 voluntários profissionais em atividade

Pessoas de várias profissões integram a rotina de unidades pelo simples prazer de ajudar o próximo. Manijeh Soltain é ex-servidora e decidiu continuar atendendo mesmo depois da aposentadoria

Refugiada do Irã no Brasil há quase 40 anos, Manijeh Soltanian, de 77 anos, é exemplo do que a solidariedade ao próximo é capaz. Hoje com o coração completamente brasileiro, como faz questão de dizer, ela conta que vê no trabalho voluntário uma forma de retribuir o bem que o País lhe fez em todas essas décadas.

“Decidi sair do Irã por eles”, diz, apontando para um porta-retratos pequeno, com a fotografia dos três filhos, na época com 11, 9 e 4 anos de idade. Depois de uma mudança no governo, seguidores de sua religião passaram a ser perseguidos, e muitos terminaram mortos.

Pessoas de várias profissões integram a rotina de unidades pelo simples prazer de ajudar o próximo. Manijeh Soltain é ex-servidora e decidiu continuar atendendo mesmo depois da aposentadoria.

Pessoas de várias profissões integram a rotina de unidades pelo simples prazer de ajudar o próximo. Manijeh Soltain é ex-servidora e decidiu continuar atendendo mesmo depois da aposentadoria. Foto: Andre Borges/Agência Brasília

Pediatra e homeopata, ela só conseguiu o registro no conselho de medicina brasileiro em 1983, depois de ter tentado a vida na Argentina e passado um tempo como estagiária no Hospital de Base, quando chegou a Brasília.

Aos 43 anos, Manijeh passou em um concurso da Secretaria de Saúde e foi lotada como pediatra no então Centro de Saúde nº 3 do Gama, onde ficou por 15 anos. Só saiu quando descobriu, por pura curiosidade, a homeopatia. “Muita gente me pedia para receitar remédios homeopáticos, mas eu não sabia o que era”, revela.

“Levo a sério meu trabalho. Quando preciso viajar, fico no máximo um mês fora, porque tenho pacientes que precisam de mim”Manijeh Soltanian, pediatra voluntária na saúde pública do DF

Foram dois anos de curso para descobrir como funcionava a especialidade que, diz a iraniana, mudou o rumo da profissão e da vida. “Foi com a homeopatia que vivi os melhores momentos com os pacientes. Desenvolvíamos uma relação de amizade, o que era mágico.”

Junto ao peito, ela guarda com carinho um dos presentes que ganhou das amizades que fez graças à homeopatia: um colar com pingente cravado por pedrinhas verdes e amarelas.

Ligada à Diretoria de Cuidados com o Trabalhador, Manijeh passou 13 anos como servidora, até saber, no susto, que precisaria se aposentar. “Fiquei muito triste. Não conhecia a aposentadoria compulsória”, lembra. “Trabalharia até não conseguir mais andar. Não queria parar.”

E ela não parou. Apreciadora de samba, ganhou festa de despedida, mas não chegou a ir embora. Mesmo aposentada, continua atendendo no mesmo local, agora uma vez por semana, toda sexta-feira.

Além disso, também é homeopata voluntária em uma unidade básica de saúde no Cruzeiro. “Levo a sério meu trabalho. Quando preciso viajar, fico no máximo um mês fora, porque tenho pacientes que precisam de mim.”

Voluntários estão em todos os hospitais públicos

A médica é um dos 310 voluntários profissionais em atividade hoje na Secretaria de Saúde. São vários tipos de unidade que contam com o serviço, que tem cadastrados nutricionistas, fisioterapeutas e dermatologistas, entre outras especialidades. Há também psicólogos, assistentes sociais e enfermeiros.

Quem quiser se candidatar ao trabalho voluntário poderá se informar sobre as oportunidades nos hospitais de seu interesse

Todas as unidades hospitalares da rede pública já contam com a atuação de voluntários. Na maioria, eles são enfermeiros. O Hospital Regional de Santa Maria é o que tem maior número de profissionais — 54 distribuídos por 11 atividades diferentes.

A abertura de vagas também vale para áreas não necessariamente ligadas à saúde pública, como engenharia e comunicação.

O serviço voluntário profissional na Saúde foi regulamentado por meio de portaria em novembro de 2016. O termo de adesão, fechado caso a caso, tem duração de um ano, prorrogável.

Para o gerente de Voluntariado da pasta, Cristian da Cruz Silva, o serviço vai além de um reforço na mão de obra no local onde os colaboradores atendem.

“A principal importância do voluntariado é o grande símbolo que ele materializa”, observa. Segundo Silva, o número de pessoas em atividade não representa nem 1% do quadro total da pasta.

Como participar

Para participar do programa exige-se registro profissional. A atividade é em caráter espontâneo, sem remuneração e sem vínculo funcional ou empregatício. O voluntário escolhe o dia e o horário em que poderá ajudar.

Deve-se apresentar os seguintes documentos:

  • Carteira de identidade
  • Cadastro de pessoas físicas (CPF)
  • Diploma de conclusão de curso
  • Carteira de registro de profissional
  • Certidão criminal negativa
  • Certidão negativa do conselho de classe
  • Declaração que comprove não ser servidor ativo da Secretaria de Saúde

Quem quiser se candidatar pode se informar sobre as oportunidades nos hospitais de seu interesse. Também é possível procurar vagas disponíveis pelo Portal do Voluntariado.

A coordenação do trabalho ocorre de forma integrada entre a Gerência de Voluntariado da Secretaria de Saúde, as superintendências de cada região e as direções das unidades onde os colaboradores vão atuar.

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