Sem acordo, Simba tira Record, SBT e RedeTV das operadoras

Empresa critica a postura inflexível das operadoras e crê que a força de seu conteúdo será o lado mais forte da negociação

 

Desde os primeiros minutos dessa quinta-feira 30, os milhões de residentes da região metropolitana de São Paulo que assinam pacotes das operadoras Net, ClaroTV, Oi TV e Sky, deixaram de ter o sinal do SBT, RecordTV e RedeTV.

Cumprindo a promessa que havia feito ao mercado, a Simba Content, joint venture que reúne as três emissoras abertas, não autorizou a exibição do sinal digital dos três canais nos cardápios das operadoras. A empresa pleiteia o pagamento pelo fornecimento do conteúdo de seus canais, tal como acontece com as programadoras internacionais de canais e também com algumas nacionais, como a Globosat.

A Vivo foi a única operadora que abriu as portas para a negociação com a Simba Content. Com quase 1,7 milhão de assinantes no País, a empresa aceitou negociar com a joint-venture. “ A Vivo foi a única operadora que entendeu nossa proposta e nosso objetivo de valorizar aquilo que oferecemos. Ainda não chegamos a um acordo financeiro, mas como eles manifestaram a intenção de chegar a um acordo, decidimos liberar o sinal”, conta Marco Gonçalves, negociador e representante da Simba Content.

Recusas e intransigência

Gonçalves confessa que já esperava uma negociação difícil por parte das operadoras, mas revela estar surpreso com a intransigência de alguns players. “Algumas empresas, como a Net e a Oi, foram educadas conosco e receberam a proposta, mas afirmaram que não concordam com a cobrança que desejamos fazer. Isso demonstra que elas não  enxergam a importância de um conteúdo de três canais que carregam consigo uma grande audiência”, reclama.

Para o executivo, no entanto, a pior receptividade veio da Sky. “A operadora se recusou a se reunir com a Simba para ouvir nossa proposta. Pediram para que a gente encaminhasse a proposta via e-mail. Não deram espaço para qualquer diálogo”, lamenta.

O executivo acredita que, se mantiverem essa postura inflexível, são as operadoras que têm mais a perder nessa negociação. “Os espectadores podem sintonizar os três canais gratuitamente apenas com uma antena digital. E isso vai acontecer. Tanto SBT, quanto Record e RedeTV tem um relacionamento muito forte com o púbico e continuarão sendo assistidos, independentemente da plataforma. Vamos ver, daqui a algum tempo, quem irá perder mais”, ameaça.

Desligamento ao vivo

Nas horas que antecederam o desligamento do sinal analógico, as três emissoras exibiram uma programação especial, com seus apresentadores e especialistas convidados para tirar dúvidas sobre a TV digital e o uso de conversores. Os veículos também abordaram a situação com as operadoras, afirmando que, com exceção da Vivo, as demais se recusam a pagar pelo conteúdo de seus canais.

Logo após a meia-noite, Net, Sky, Oi e outras operadoras começaram a exibir comunicados nas janelas antes ocupadas por RecordTV, SBT e RedeTV. No texto, as operadoras afirmam que não detém mais o direito de exibição dos canais.

Fim da obrigatoriedade

A partir desta data, 30 de março, para sintonizar os canais abertos em seus pacotes, as operadoras de TV precisam ser autorizadas pelos próprios produtores de conteúdo. A autorização passou a ser necessária por conta do desligamento do sinal analógico de TV.

Até então, a Lei determinava a obrigatoriedade de carregamento do sinal analógico dos canais pagos. Com a digitalização da TV, a mesma regra não é aplicada em relação aos sinal digital. Dessa forma, para carregar o conteúdo dos canais abertos, as operadoras precisam de uma autorização dos produtores de conteúdo (no caso, as emissoras de TV). E foi aí que a Simba Content enxergou a oportunidade de conseguir uma nova fonte de receita cobrando pelo sinal digital dos três canais.

Na TV aberta, o sinal das três emissoras continua disponível normalmente. Para acessá-lo, é necessária a utilização de uma antena ou de um conversor digital.

Emissoras envolvem público na briga com operadoras

RecordTV, SBT e RedeTV fizeram uma grande ofensiva em sua programação no fim de semana para tentar convencer o espectador de que operadoras podem ser responsáveis pelo fim da distribuição de seu sinal na TV por assinatura

Marcelo-REDETV

Marcelo de Carvalho, sócio da RedeTV, fala sobre a situação da Simba e das operadoras (Crédito: Reproduçào)

Ahashtag #QueremosContinuarComVc foi repetida exaustivamente na programação e nos respectivos canais nas redes sociais de SBT, RecordTV e RedeTV. Iniciada na sexta-feira, 24, a campanha leva ao público o embate que vem se desenrolando nos bastidores e que coloca, de um lado, as emissoras de TV aberta e, do outro, as operadoras de canais pagos.

Sob a bandeira da Simba Content, RecordTV, RedeTV e SBT pleiteiam o pagamento por parte das operadoras pela cessão de seu sinal digital. Por conta da digitalização plena do sistema televisivo, a obrigatoriedade de carregar os sinais abertos dos canais – algo até então vigente na indústria – cai. Com isso, cada emissora aberta deve autorizar diretamente a operadora a incluir seu sinal no cardápio oferecido aos assinantes. Para a Simba Content, no entanto, essa autorização só será dada mediante pagamento pelo conteúdo dos canais.

Nesse fim de semana, as emissoras abertas tentaram explicar suas pretensões ao público de forma didática, usando como argumento o fato de que as operadoras sempre remuneraram canais internacionais e até mesmo emissoras nacionais pelo conteúdo – e, por isso, seria justo que também paguem à RecordTV, SBT e RedeTV. Em um vídeo veiculado pelas emissoras, Marcelo de Carvalho, sócio da RedeTV, aparece explicando a situação ao público e argumentando que as operadoras “fingem não entender a importância dos programas” e da audiência dos canais abertos.

A estratégia adotada pelas três emissoras coloca que o corte de sinal, se ocorrer, será por conta da falta de disposição das operadoras em negociar. Em todos os seus comunicados, as empresas da Simba Content afirmam o desejo de permanecer na grade de Net, Sky, VivoTV e outras operadoras e de continuar investindo em conteúdo de qualidade para os espectadores.

Além da veiculação de chamadas nos intervalos comerciais, a questão também foi colocada nos programas da três emissoras, como Domingo Legal, do SBT e Jornal da Record.

Simba manterá sinal dos canais na Vivo

Record TV também manterá transmissão linear online e, ao lado de RedeTV e SBT, não deve sair do ar para assinantes da operadora da Telefonica

ASimba Content, joint venture formada por RecordTV, RedeTV e SBT, está perto de ter sua primeira vitória na guerra travada contra as operadoras de TV por assinatura. Em comunicado divulgado na tarde desta quarta-feira, 29, a empresa declara que deu início às negociações com a Vivo.

Diante desse posicionamento, o sinal de RecordTV, RedeTV e SBT não deverá ser cortado para os mais de 1,6 milhão de assinantes da operadora às 23h59 desta quarta-feira, quando ocorrerá o desligamento oficial do sinal analógico de TV.

No comunicado, a Simba Content diz que “as negociações pelo conteúdo de RecordTV, RedeTV! e SBT com a operadora de televisão por assinatura Vivo avançam de maneira positiva. Por essa razão, a Simba decide manter o conteúdo disponível aos assinantes da operadora pelos próximos dias, enquanto as negociações acontecem.”. A empresa também aproveita para criticar Net, Sky e ClaroTV, que estão mais inflexíveis na negociação. “Esperamos que as outras operadoras, Net, Claro, Embratel, Oi e Sky tenham a mesma sensibilidade da Vivo, para não prejudicar o assinante de televisão paga no Brasil

Record online

A Record TV anunciou ainda que vai transmitir via streaming sua programação. Os interessados poderão assistir às atrações da grade linear do canal pelo portal R7.com ou pelo aplicativo Record TV para dispositivos móveis Android ou Apple.

Entenda a polêmica 

O embate entre Simba e a operadoras de TV por assinatura se tornou mais acirrado desde o fim de semana. Com a proximidade do switch-off do sinal analógico – que encerra a obrigatoriedade do carragemento obrigatório dos canais abertos por parte das operadoras de TV – os dois lados vêm tentando convencer o público espectador de que estão com o razão por meio de comunicados e comerciais exibidos em toda sua programação.

Do lado as emissoras abertas, a Simba Content pleiteia o pagamento pelo fornecimento do sinal digital dos três canais. De acordo com a empresa, Net, Sky, VivoTV e outras operadoras já remuneram outros players nacionais e internacionais e, portanto, é justo que também paguem pelo conteúdo de veículos que geram uma audiência significa.

Já o contra-argumento das operadoras é o de que esses canais sempre ofereceram seu sinal gratuitamente e, agora, optaram por fazer uma cobrança que pode prejudicar diretamente os consumidores – uma vez que o custo maior do pagamento seria, fatalmente, repassados aos assinantes.

Desde o início dessa quarta-feira, 29, a Net começou a veicular uma chamada em seu canal de assinantes na qual avisa aos espectadores que os três canais sairão do ar e ensina como captar o sinal aberto das três emissoras via antena convencional. Já a Sky posicionou-se abertamente contra as intenções da Simba Content e chamou a decisão da empresa de “unilateral”.

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